A intensa batalha judicial bilionária entre a Qatar Airways e a Airbus, que gira em torno de um vasto desgaste na pintura de aeronaves Airbus A350 e que levou ao estacionamento de 21 unidades do modelo, deve trazer mais um ator para o ringue: a Boeing. A informação veio à tona na última semana, como o mais recente desenvolvimento do caso.
Apenas para colocar em contexto, os árabes alegam que os problemas com a pintura afeta diretamente a segurança do voo e, como resultado, estacionou 28 unidades do A350, a maioria há mais de um ano. Por outro lado, a Airbus discorda dos problemas de segurança e conta com apoio da EASA – a agência de aviação europeia – ao seu lado.
Isso levou a embates retóricos, publicação de vídeos e notícias que irritaram ambos os lados e deram início a outros processos por difamação e ao cancelamento unilateral de contratos de aeronaves, numa exposição pública poucas vezes vista na história da aviação, mas importante para o mercado e para entender os bastidores. O processo deve ir a julgamento em 2023, mas antes disso, muitas coisas vão acontecer.
Na semana passada, como relata a agência árabe Al Jazeera, ambos os lados acusaram-se mutuamente de atrasar a liberação de documentos necessários para o processo. Além disso, a companhia aérea recebeu ordem judicial de entregar o contrato que firmou com a Boeing para a encomenda de dezenas de Boeing 737 MAX.
Sabendo disso, a Boeing se irritou. Além de insistir que não planeja se envolver na crescente disputa entre seu rival e seu cliente, a fabricante americana julgou como indecoroso o pedido para que abra informações altamente confidenciais, relacionadas a uma negociação bilionária.
“A divulgação de informações sobre preços é dinamite”, disse o advogado da Boeing, Paul Stanley, ao tribunal, ressaltando que isso é um absurdo e que que a fabricante americana usará todos os recursos possíveis para que essa informação não seja aberta a seu maior concorrente.