Após passar por um momento muito difícil, quando a IATA bloqueou suas transações de passagens aéreas, a Cabo Verde Airlines parece que, enfim, segue o caminho para estabilizar sua operação. Na data de ontem, a empresa teve sua solicitação de retorno ao Brasil aprovada.
No final de maio, o governo do país, que é acionista da empresa, já havia demonstrado forte interesse em salvar a aérea, caso essa ajuda não viesse de seus investidores privados, como a Icelandair.
Segundo uma reportagem da RFI, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, considera que a Cabo Verde Airlines não é apenas uma companhia aérea mas “um instrumento fundamental de operacionalização de um conceito que o país quer e tem condições de desenvolver que é um hub aéreo com base na ilha do Sal”.
No entanto, embora tenha sua salvação “garantida”, ainda não há detalhes sobre como será a volta aos destinos ou se a frota da empresa sofreu alguma baixa.
Voos solicitados ao Brasil
Antes da crise pegar o mundo em cheio e provocar o fechamento de fronteiras, a Cabo Verde Airlines voava para Fortaleza, Recife e Porto Alegre, no Brasil, rotas cativas que lhe asseguravam um bom fluxo de passageiros. Chegou a voar para Salvador, mas essa rota não se mostrou rentável e foi cancelada nesse ano, antes da pandemia.
Agora, a empresa está solicitando o retorno ao Brasil. É o que indica a atualização de hoje do registro de voos da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), no qual consta uma autorização para que a empresa comece a voar para Recife a partir de 25 de outubro.
Será uma operação diminuta, com Boeing 757-200, ligando Recife à Ilha do Sal uma vez por semana, aos domingos. O tempo de solo é muito curto, com chegada na capital pernambucana às 0h00 da segunda-feira, e partida às 1h05.
Uma busca no site da Cabo Verde Airlines revela que as passagens já estão disponíveis na rota, a um custo de cerca de R$ 1.500 por pessoa, ida e volta.
Antes da crise
A antiga TACV mudou de nome para Cabo Verde Airlines após ter sido parcialmente adquirida pela Icelandair em 2017 e mantinha uma estratégia de fazer da Ilha do Sal o hub do Atlântico, em modelo similar ao que a Copa Airlines faz no Panamá, com o chamado Hub das Américas.
Com a chegada de duas aeronaves ainda no final de 2019, a empresa almejava inaugurar duas rotas por ano a partir de 2020, sempre mantendo preços bastante competitivos.
Junto com Porto Alegre, a empresa cabo-verdiana também estreou em 2019 ligações com Washington (EUA), Luanda (Angola) e Lagos (Nigéria), que se somaram a Lisboa, Paris, Milão, Roma e Boston, além das cidades brasileiras. Dentre os destinos estrangeiros da empresa, alguns são dos mais procurados por brasileiros, o que evidencia a estratégia da empresa de atrair o público do país.
Um dos fatores que contribuiu para a ampliação dos negócios da empresa foi o uso de uma abordagem comercial mais agressiva, com várias promoções e descontos, como fez para promover a rota de Porto Alegre.