Tiago Senna, CEO da ITA Transportes Aéreos, participou na semana passada de mais uma entrevista concedida ao conceituado canal ASA Aviation, do comandante Robert Zwerdling, e confirmou a data de início da venda das passagens aéreas da mais nova empresa aérea certificada no Brasil, bem como a data do primeiro voo comercial com passageiros, além de outras atualizações importantes sobre a companhia.
Conforme você acompanha no vídeo acima, Senna inicialmente fala sobre os desafios do processo de criação e certificação da ITA, tanto em termos corporativos quanto pessoais, afinal, este foi o tema escolhido pelo comandante Zwerdling para a entrevista.
Em termos corporativos, o CEO apresenta contrapontos positivos e negativos sobre a crise da pandemia, que, por um lado, gerou uma situação de mercado retraído, sem fluidez, apresentando assim boas oportunidades de negociações vantajosas, enquanto, por outro lado, existem riscos muito maiores do que o normal para um novo negócio, visto que ninguém sabe ao certo o que vai acontecer, seja a curto prazo ou a longo prazo.
Já em termos “mesclados” entre o corporativo e o pessoal, Senna comenta sobre como colocou na empresa seu foco em montar uma equipe de qualidade e fazer todo o processo de certificação a partir do zero, sem “copia e cola” de algo já existentes, para atingir a excelência técnica na certificação da ANAC.
Por fim, em termos pessoais, o executivo comenta sobre o grande desafio que foi o segundo semestre do ano passado, quando em agosto ele sofreu um AVC que o levou a passar uma semana na UTI, descobrir um aneurisma congênito e passar por cirurgia. Então, pouco depois, recuperado do susto, ainda pegou a Covid-19 e passou mais 30 dias com 35% do pulmão comprometido.
Porém, Tiago comenta que contou com a qualidade e empenho da equipe que havia montado, que foi capaz de continuar levando adiante os processos da empresa mesmo diante de sua ausência, enquanto ele fazia o possível para trabalhar com notebook no hospital, para não deixar seus processos totalmente parados.
O resultado foi que em apenas 1 ano desde o início dos trabalhos, em meio à pandemia e aos imprevistos, uma companhia aérea foi completamente certificada e a ITA está pronta para decolar.
Então, após os comentários sobre os desafios, o comandante e o CEO prosseguem com assuntos variados sobre a empresa, incluindo atualizações sobre as chegadas de aviões e a definição das datas de início das vendas de passagens aéreas e da decolagem do primeiro voo com passageiros.
Questionado sobre a utilização de aeronaves A319, Senna confirmou que estes aviões menores do que os A320 já estão pedidos, portanto, a empresa realmente os utilizará em seus planos, como havíamos mostrado no AEROIN mais cedo no mesmo dia da entrevista.
Sobre a chegada dos demais aviões da frota, o CEO comentou que houve bastante dificuldade para trazê-los em decorrência da pandemia. Com restrições de viagens mudando a todo momento. E com o Brasil sendo bastante “mal-visto” por muitos países por conta do grande segundo surto de Covid-19, tripulações e pessoal das inspeções de entrega dos jatos acabaram enfrentando dificuldades em seus deslocamentos.
Com isso, a previsão inicial de estrear os voos comerciais em março precisou ser adiada para esse novo planejamento de junho. A expectativa da companhia, desde que a pandemia permita, é que todos os 10 aviões iniciais da frota estejam no Brasil até junho, para que as operações decolem no dia 30/06. Para isso, as passagens aéreas começarão a ser vendidas na próxima sexta-feira, dia 14 de maio.
Sobre contratações de mais pessoas, Senna comenta que a ITA Transportes Aéreos já possui 470 pessoas em seu quadro, com comandantes, copilotos, comissários e mecânicos suficientes para as 10 aeronaves, e pessoal de aeroportos suficiente para as bases iniciais de operação. Assim, novas admissões virão inicialmente para o pessoal de solo quando mais algumas bases forem abertas, e depois para tripulantes, quando houver aumento de frota.
Sobre a configuração de assentos dos Airbus A320, o executivo destacou que o número de 162 lugares foi escolhido por trazer qualidade na experiência do passageiro. Ele descreve que, obviamente, isso afeta a rentabilidade por levar menos passageiros do que as configurações típicas do mercado, porém, a empresa vai oferecer valor, e não somente fazer dinheiro, para conquistar e fidelizar seus clientes.
Mas, segundo Senna, o que permitirá que a ITA tenha sucesso mesmo com este perfil incomum em relação ao mercado, é que no conjunto todo do Grupo Itapemirim, a operação será lucrativa.
Isso porque a Itapemirim é a única empresa multimodal do Brasil, atuando agora no segmento aéreo em complemento ao rodoviário, ferroviário e a outro produto não revelado que será lançado em breve ao mercado.
Assim, o CEO revela que a ITA Transportes Aéreos vai trazer inovações que uma empresa aérea tradicional não tem, mudando sua margem operacional ao se aproveitar dessa integração completa com a maior empresa interestadual do Brasil, que atinge 2700 cidades, permitindo captação e distribuição de carga e passageiros.