Chefe de segurança da IATA pede relatórios oportunos de investigações de acidentes

Imagem: Reprodução / Redes Sociais

O Chefe de Segurança da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), Mark Searle, fez um apelo público e urgente para que governos ao redor do mundo forneçam relatórios completos e em tempo hábil sobre as investigações de acidentes aéreos, de acordo com as normas do Anexo 13 da Organização de Aviação Civil Internacional (ICAO).

Segundo Searle, os relatórios e as recomendações provenientes dessas investigações são extremamente valiosos para a melhoria da segurança na aviação.

Durante a recente Conferência Mundial de Segurança e Operações, em Hanói, Searle destacou que a indústria aérea tem sido responsável por proporcionar uma experiência de viagem extremamente segura para seus passageiros. Ele citou os números de acidentes da IATA, divulgados no meio do ano, que mostram uma significativa melhoria em relação aos números de 2023.

No entanto, Searle destacou a preocupação da IATA com a falta de relatórios finais de investigações de acidentes, seguindo as orientações do Anexo 13 da ICAO. O Anexo 13 estabelece que, após uma ocorrência, o estado responsável por conduzir a investigação deve publicar um relatório preliminar em até 30 dias e um relatório final, com recomendações de segurança, o mais rapidamente possível – idealmente em até 12 meses.

A discussão sobre investigações de acidentes aéreos foi tema de um painel na conferência. Rafael Rastrello, chefe de segurança da LATAM Airlines, apresentou dados preocupantes: dos 242 acidentes ocorridos entre 2018 e meados de 2023, apenas 113, ou 47%, tiveram seus relatórios finais de investigação publicados.

De acordo com Searle, essa falta de relatórios não está restrita a uma região específica, mas países da África e América do Sul apresentam as maiores deficiências nesse quesito nos últimos dois anos. O diretor de segurança da IATA destacou a importância dos relatórios de acidentes para que se possa aprender com as falhas do passado e adotar medidas corretivas.

Ele citou o exemplo do relatório sobre o voo AF447, da Air France, que caiu no meio do Atlântico em 2009. Embora o período de investigação tenha sido estendido devido à dificuldade de acessar o local do acidente, as recomendações feitas após a divulgação do relatório tiveram grande influência no treinamento de recuperação e prevenção de falhas.

Searle também listou os principais motivos para a falta de relatórios oportunos, incluindo a falta de pessoal qualificado e recursos para as investigações em diferentes países. Nesses casos, o diretor acredita que seria benéfico para os países compartilharem recursos de investigação. No entanto, as decisões sobre as investigações geralmente são tomadas pelos governos, que podem não querer perder o controle sobre o processo.

O diretor da IATA também ressaltou a importância de atrair novos profissionais para o campo de investigação de acidentes aéreos, que é ocupado por pessoas com muita experiência e que já atuam no setor há anos. Para isso, a IATA está buscando formas de padronizar a formação desses profissionais, a fim de garantir relatórios mais homogêneos.

Searle frisa que é fundamental que a notificação de acidentes não se torne uma simples obrigação burocrática, o que pode resultar em relatórios sem informações relevantes para a melhoria da segurança.

O diretor também mencionou que, em alguns casos, a política pode prejudicar o processo de investigação, citando países e regiões que ainda não divulgaram relatórios de acidentes ocorridos há mais de um ano. Para ele, esses dados são fundamentais para garantir a segurança futura da indústria aérea e não devem ser atrasados pelo descumprimento do Anexo 13.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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