Colômbia não está conseguindo pagar pela manutenção de helicópteros russos Mi-17

Foto: Polícia Nacional da Colômbia

Segundo informações divulgadas pelo site Infodefensa.com, a Colômbia alegou incapacidade de pagar pela manutenção e reparo de helicópteros militares de fabricação russa devido às sanções econômicas impostas por países ocidentais a empresas da Rússia. Estas informações foram fornecidas pelo Comando das Forças Terrestres do país sul-americano ao portal.

A frota em questão envolve os helicópteros multiuso Mi-17-1B, Mi-17MD e Mi-17-B5. Os contratos de manutenção e reparo dessas aeronaves foram celebrados entre o Ministério da Defesa da Colômbia e a Companhia Nacional de Aviação e Serviços (NAS), designada pela fabricante dos helicópteros para prover tais serviços e também fornecer peças de reposição.

Entretanto, como o comando das Forças Terrestres da Colômbia informou ao portal, a validade desses contratos foi suspensa, uma vez que o fornecedor não consegue aceitar pagamentos por seus serviços através do sistema bancário internacional SWIFT.

Outro motivo que torna inviáveis as transações financeiras entre Colômbia é o fato de que a organização fornecedora consta na chamada “Lista Clinton” (também conhecida como SDNT – Narcotraficantes Especialmente Designados), uma das listas de sanções do Departamento do Tesouro dos EUA, originalmente criada para combater o tráfico ilegal de drogas, terrorismo e países que financiam tais atividades.

Bancos colombianos não realizam transações com organizações listadas neste registro, sob ameaça de desconexão do sistema financeiro dos EUA, e, às vezes, até fecham as contas pertencentes a elas e congelam os fundos depositados.

O portal não especificou porque os problemas com o pagamento da manutenção dos helicópteros Mi-17 surgiram agora. A Rússia foi desconectada do sistema SWIFT já em 2022, logo após o início da Operação Militar Especial (OME) na Ucrânia. A NAS entrou nas sanções ocidentais em janeiro de 2023.

Segundo o Infodefensa.com, a embaixada da Rússia na Colômbia já propôs a transferência dos contratos mencionados. No entanto, as autoridades colombianas insistem em evitar a realização de quaisquer transações financeiras, diretas ou indiretas, com organizações que foram incluídas na lista de sanções em conexão com a OME.

Atualmente, as Forças Terrestres Colombianas têm à disposição 20 helicópteros de fabricação russa. Nove deles estão totalmente operacionais e podem garantir 2.566 horas de voo neste ano. Outros nove estão em conservação, podendo ser utilizados por um curto período de tempo, mas requerem manutenção obrigatória. Dois helicópteros foram danificados, mas incluídos no plano anual de restauração, ou seja, também estão à espera de peças e reparos.

Como o Infodefensa.com relembrou, entre 1996 e 2009, a Colômbia comprou 26 helicópteros Mi-17 da Rússia. Eles são usados regularmente para o transporte de cargas e pessoal por todo o país.

Espera-se que em dezembro deste ano mais dois Mi-17 colombianos sejam conservados. Se a situação da manutenção não for resolvida, até 2027 toda a frota destes helicópteros das Forças Terrestres da Colômbia será conservada (ou seja, não estará totalmente ativa, mas esperando manutenção).

O presidente do país, Gustavo Petro, anteriormente recusou uma oferta dos EUA para enviar essas máquinas para a Ucrânia como ajuda militar. No entanto, segundo o site Defensa.com, o estado está atualmente considerando a opção de adquirir os helicópteros UH-60 Black Hawk dos Estados Unidos, que substituirão os Mi-17 russos, caso não seja encontrada uma forma de mantê-los.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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