Comissários de voo não querem dormir no mesmo hotel em que colega de trabalho morreu

Comissários de bordo da American Airlines se reuniram na quinta-feira em frente à sede corporativa da companhia aérea em Fort Worth, no Texas, para entregar uma carta de desconfiança ao executivo-sênior Robert Isom. Isso aconteceu após a recusa de Isom em realocar a equipe da AA de um hotel onde ocorreu a morte suspeita de um colega de trabalho no mês passado.

Segundo relata o site PYOK, os comissários de bordo vestiram camisetas vermelhas com o nome de seu sindicato, a Associação de Comissários de Bordo Profissionais (APFA). Julio Hedrick, a presidente nacional do sindicato, liderou o grupo que tentou se reunir com Isom, mas teve que se contentar em entregar a carta para o vice-presidente sênior, Brady Byrnes.

Os comissários de bordo criaram um pequeno alvoroço ao marcharem pelo novo QG da AA e obtiveram sucesso em entregar a carta, onde foram destacadas algumas razões pelas quais eles não confiam mais no líder, como sua atitude desdenhosa em relação às preocupações dos comissários de bordo com o hotel onde ficam hospedados durante suas escalas em Filadélfia.

No mês passado, uma comissária de bordo de 66 anos foi encontrada morta em seu quarto de hotel durante um período de folga entre voos. No entanto, os faxineiros do hotel só notaram algo de errado após alguns dias e se questionam quais medidas a AA tomou para verificar o bem-estar da tripulação nesse período. A polícia está investigando a morte.

A carta alega que a resposta de Byrnes às preocupações levantadas pelos comissários não foi de segurança ou ação, mas de indiferença. Afirmam também que ele se recusou a realocar temporariamente os membros da tripulação que se sentiam inseguros no hotel e negou o pedido de gerenciamento de voo para amenizar os temores das tripulações que estavam no Marriott na Filadélfia.

Os líderes da APFA, através da carta, pediram por apoio e destacaram a queda no moral dos comissários de bordo da AA. Afirmam que a inação contínua dos executivos é prejudicial para a companhia aérea e que a maior força de trabalho da American Airlines precisa urgentemente de suporte.

A entrega da carta ocorreu um dia após a APFA exigir um aumento salarial de 50% para os comissários ao longo de um contrato de quatro anos. A American Airlines ofereceu apenas um aumento de 14% em um contrato de cinco anos. Os dois lados estão em desacordo em relação à questão salarial e, caso não haja um acordo, a APFA buscará a próxima etapa através do Conselho Nacional de Mediação para realizar uma greve.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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