Conheça mais sobre a produção do caça F-39E Gripen nas instalações da Embraer em Gavião Peixoto

Imagem: SAAB

A convite da fabricante aeroespacial sueca Saab, o AEROIN esteve na Embraer, em Gavião Peixoto, interior de São Paulo, na última quarta-feira (5), para visitar a linha de produção do caça Gripen F-39E, após um ano da sua inauguração.

Agora, a primeira unidade do caça sueco montada no Brasil, na fábrica da Embraer, está prevista para realizar seu primeiro voo no segundo semestre de 2025. A previsão foi anunciada pela Saab, responsável pelo desenvolvimento da aeronave, que está transferindo a tecnologia ao Brasil, conforme estipulado no contrato assinado com o governo brasileiro há quase uma década. Este contrato, avaliado em 5,4 bilhões de dólares, envolve a compra de um lote inicial de 36 caças.

Após a linha de montagem brasileira, a primeira da Saab fora da Suécia, ter sido inaugurada há um ano, o primeiro caça fabricado no Brasil entrou em fase final de montagem no dia 5 de junho. Segundo Hans Sjöblom, gerente geral da Saab em Gavião Peixoto, “o jato já teve concluída a montagem estrutural, uma segunda unidade já entrou na fase estrutural e uma terceira começa a ser montada em julho“.

Do total de 36 unidades encomendadas, 15 serão montadas no Brasil. A entrega destas aeronaves à Força Aérea Brasileira (FAB) está prevista para 2027.

Durante a visita guiada à linha de produção, Júlio Granzotto, Supervisor de Produção da Embraer, explica que na primeira fase de montagem, as quatro principais estruturas do caça – a fuselagem dianteira, central e traseira e a unidade de armamento – são unidas.

Imagem: SAAB
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Após essa etapa, são instalados 35 quilômetros de cabos, 300 metros de canos e toda a parte eletrônica do avião. Em seguida, motor, trem de pouso e o software da aeronave são instalados. Na fase final, são realizados testes funcionais, aplicação de camuflagem e preparação para o voo, incluindo a calibragem de sistemas de navegação, combustível e controle de voo.

O primeiro caça montado no solo brasileiro exigirá entre 8 mil e 9 mil horas de trabalho até a montagem final. A Embraer treinou 350 funcionários na Suécia, no âmbito do programa de transferência de tecnologia, e 90% da equipe de montagem em Gavião Peixoto é composta por brasileiros, com supervisão de profissionais suecos. Esses técnicos brasileiros participaram de cerca de 60 projetos relacionados à construção do Gripen.

Além da linha de montagem, a Embraer instalou em Gavião Peixoto o Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen (GDDN) e o Centro de Ensaios em Voo (GFTC). Este último simula condições de voo em tempestades e falhas nos sistemas hidráulico e eletrônico.

Luiz Hernandez, diretor de cooperação industrial da Saab Brasil, destacou que “os profissionais brasileiros treinados pela Saab podem dar suporte à FAB no ciclo de vida dos Gripen, que gira entre 30 e 40 anos, além de utilizar essa tecnologia para novos projetos“.

Os próximos caças brasileiros deverão ser montados em menor tempo, cerca de 18 meses, em comparação com os dois anos e meio necessários para a primeira unidade. Isso se deve à absorção da nova tecnologia e ao impacto da pandemia de Covid-19 na cadeia de fornecedores. Algumas partes dos Gripen vêm da Suécia, mas a Saab também estabeleceu no Brasil a única fábrica de aeroestruturas do Gripen fora da Suécia, localizada em São Bernardo do Campo (SP).

O Gripen está substituindo os antigos F-5M, caças americanos em operação no Brasil desde 1975. Os novos caças podem voar a 16 mil metros de altura, atingem velocidades de até 2.400 km/h e podem percorrer a distância entre Rio e São Paulo em apenas 12 minutos.

Hans Sjöblom ressaltou a importância deste marco para a Saab e para a Embraer, afirmando: “Esta é uma conquista significativa tanto para a Saab quanto para a Embraer, uma vez que o primeiro caça Gripen produzido no Brasil chega à fase final de montagem”. Walter Pinto Junior, COO da Embraer Defesa & Segurança, destacou o valor do treinamento na Suécia para a capacitação da equipe brasileira.

Apesar das dificuldades no mercado internacional, com concorrência acirrada de modelos como o americano F-35, o Gripen E continua a ser uma opção viável para muitos países. E a parceria entre a Saab e a Embraer fortalece a posição do Brasil como um hub de tecnologia aeronáutica na América Latina.

Veja mais imagens da linha de produção:

Imagem: SAAB
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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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