Profundores travados por ventos fortes impediram a decolagem e levaram jato MD-87 a varar a pista

A saída de pista de um jato MD-87 durante a decolagem na região de Houston, em outubro de 2021, foi atribuída a falha dos pilotos da aeronave, que não cumpriram medidas de segurança esperadas, por falta de treinamento. Apesar da destruição da aeronave, todas as 23 pessoas a bordo sobreviveram, embora duas tenham gravemente se ferido.

O NTSB, autoridade responsável pela investigação de acidentes nos transportes nos EUA, afirma que o acidente foi resultado do estado de bloqueio dos profundores do MD-87, provocado pelos fortes e dinâmicos ventos enquanto o avião estava estacionado, impedindo sua rotação durante a decolagem.

No entanto, tal condição não é novidade, mas conhecida e evidenciada por dois eventos anteriores, em 1999, na Alemanha, e em 2017, em Ypsilanti, no Michigan, que culminaram em um evento de decolagem rejeitada e outro de ultrapassagem de pista, respectivamente.

Na investigação, o NTSB menciona que os pilotos não estavam cientes da exigência de uma confirmação visual pré-voo dos profundores, através da qual deveriam checar se os profundores não estavam emperrados. A causa-raiz foi atribuída ao treinamento falho dado aos pilotos, já que tal verificação é uma das exigências apontadas pela Boeing, fabricante do modelo.

O acidente ocorreu durante a decolagem do aeroporto Executivo de Houston por volta das 10h no horário local, quando o MD-87 acelerou, mas não respondeu ao movimento do piloto, que descreveu a sensação como se estivesse “preso no chão”.

O primeiro oficial comandou que a decolagem fosse abortada, no entanto, o jato invadiu a grama, cruzou uma cerca, uma estrada, atingiu linhas elétricas e árvores, antes de parar em um pasto e pegar fogo, destruindo a aeronave.

Os profundores foram examinados e a revisão dos dados do gravador de voo identificou que ambos estavam presos com o bordo de fuga para baixo, causando a obstrução das superfícies e impedindo o avião de girar.

O NTSB ressalta que os pilotos não conseguem detectar o travamento através dos procedimentos de controle de voo pré-voo (mexendo o manche), realizados pelos pilotos do MD-87, devido ao design do sistema de controle do profundor, que não altera a sensação e o deslocamento da coluna do manche durante o táxi.

Após o incidente semelhante em Ypsilanti, a Boeing emitiu um boletim, recomendado pelo NTSB, para que os operadores da série MD-80 atualizassem os manuais da tripulação de voo com a exigência de confirmar visualmente que os profundores não estão bloqueados e que estão nivelados com a superfície do estabilizador.

O relatório completo pode ser verificado na página de NTSB.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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