Emprego de ARP na Amazônia tem diferencial na capacidade de coletar informações à tomada de decisão

A aeronave de sensoriamento remoto R-99 tem contribuído, significativamente, na coleta de dados com seus radares e sensores multiespectrais. Sua autonomia de voo permite a observação de áreas de interesse por algumas horas. Contudo, a transmissão de dados precisa ser feita após o pouso da aeronave.

Nesse contexto, Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (SARP) apresentam um diferencial na capacidade de coletar informações oportunas à tomada de decisão: permitem a permanência prolongada e transmissão de dados em tempo real.

Diversas técnicas e táticas de voo com ARP trazem vantagens na observação de atividades antrópicas. A permanência aliada a flexibilidade de posicionamento (diferentes alturas e ângulos de observação) possibilitam que os ARP coletem dados continuados, a partir de diferentes perspectivas.

Uma missão típica de ARP emprega sensores FMV (Full Motion Vídeo, infravermelho e visível) que permitem a observação da dinâmica em curso. O emprego de diferentes faixas espectrais traz uma capacidade diferencial de observar diversos detalhes da área e da dinâmica das ações.

Em resumo, o emprego de ARP traz uma nova capacidade associada à dimensão temporal da coleta de dados, sob dois aspectos suplementares: possibilidade de observação continuada em extensas regiões e capacidade de transmissão de dados em tempo real.

Tais condições, por conseguinte, oportunizam um incremento na consciência situacional, contribuindo para o planejamento das operações nos níveis tático e estratégico e o acompanhamento da execução, em tempo real, que atualiza as informações e as disponibiliza a quem delas necessitar. Essa capacidade pode, inclusive, evitar que forças fiquem expostas a riscos iminentes.

Ações interagências/conjuntas

Na região amazônica, o emprego de ARPs táticos, de pequeno e médio porte, limitados a operação em linha de visada e com poucas horas de autonomia, traz dois desafios:

– Operacional – devido às grandes dimensões das áreas e rotas de interesse; e

– Logístico – de suprimento e manutenção, e as conhecidas dificuldades de transporte, tanto pela falta de estradas ou ferrovias, quanto pelos custos do modal aéreo.

Por sua vez, os ARPs (RQ-900) da FAB possuem capacidade de monitorar qualquer ponto da região amazônica, a partir de bases estrategicamente posicionadas. Os dados dos sensores dos RQ-900 podem ser compartilhados às Forças de superfície e às agências que atuam na região, em tempo real, por meio de enlaces seguros de dados (como o Link Br-2).

Assim, este suporte de inteligência permite uma otimização dos meios voltados à segurança pública e à preservação ambiental, permitindo que sejam aplicados de forma conjunta e efetiva no alcance dos objetivos nacionais de desenvolvimento sustentável e de segurança. Isso já ocorre esporadicamente. Contudo, pode ser intensificado em proveito do Brasil.

Texto por Brigadeiro Aviador R1 Paulo Ricardo Laux

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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