Empresa aérea africana rebate críticas após realizar voo antes de um tufão

Uma polêmica foi criada por dois veículos de imprensa após um voo ocorrer pouco antes da chegada de um tufão em Hong Kong.

Tudo começou com a chegada do Tufão Saola, no sudeste asiático, principalmente em Hong Kong, que é uma das mais importantes cidades do mundo e que ocupa uma pequena área na costa chinesa.

Por precaução, a maioria das companhias aéreas cancelou os voos previstos para a hora da chegada do furacão, adicionado de uma “gordura” de algumas horas antes. Isto foi feito inclusive pela “dona da casa” e principal operadora do Aeroporto de Hong Kong, a Cathay Pacific.

O último voo da Cathay pousou às 13h40 e a última decolagem da companhia foi às 15h00, depois disso nenhum voo pousou ou decolou de Hong Kong, com exceção de um: o Ethiopian Airlines 608.

Este voo sai de Adis Abeba, na Etiópia, faz uma parada em Bangkok, na Tailândia, e segue para Hong Kong, operado por um Boeing 787-9 Dreamliner. Quando este jato saiu da Tailândia no último dia 1º, já havia dado mais de uma hora após o pouso do último voo da Cathay e praticamente no mesmo horário da última decolagem.

O Dreamliner pousou às 17h05 no horário local de Hong Kong, sem arremeter ou qualquer problema, como pode ser visto mais abaixo. O boletim meteorológico do aeroporto aponta, porém, que haviam rajadas de 38 a 44 nós (70 a 80 km/h) de velocidade, com vento de 90º (perpendicular) à pista, o que é bastante acima do limite do Boeing 787 que é de 33 nós (61 km/h) para vento de través.

O boletim também aponta pancadas de chuvas e nuvens a 1.500 pés (457m) de altura. Estes indicativos e o fato de ser o único avião a operar no aeroporto por horas, gerou questionamentos, mesmo com o pouso ocorrendo sem problemas, como mostra o vídeo a seguir.

A Polêmica

A Bloomberg foi a primeira a reportar o caso, e falou que “o voo da Ethiopian Airlines arriscou um raro pouso durante um super tufão”, já o portal especializado One Mile At Time colocou no titúlo “Ridículo: O voo da Ethiopian em Hong Kong no Furacão (SIC)”.

Outras mídias reportaram também o fato, destacando que foi a única empresa a voar no meio da tormenta, mesmo que tivesse sido antes da sua chegada. Já outras pessoas criticaram essas publicações, já que o voo pousou em segurança, e também alegaram preconceito (racismo e xenofobia) por ser uma empresa africana voando em um país asiático.

No final do sábado, a Ethiopian Airlines se posicionou oficialmente no seu Facebook. A empresa afirma que o voo só saiu de Bangkok após a tripulação “receber a previsão de que o clima estaria seguro para o pouso em Hong Kong”.

“O time de despacho de voos da Ethiopain estava ciente do Tufão mais cedo e acompanhou tudo, desde o planejamento até o voo, dando atualizações frequentes para a tripulação, considerando que a tempestade estaria distante de Hong Kong na hora da chegada da aeronave”, afirmou a companhia.

A Ethiopian prosseguiu e concluiu que “os reportes de algumas mídias que o voo pousou no meio do tufão são incorretos“.

No entanto, algo que não foi informado pela companhia foi o voo de volta, que teve a partida mantida até 30 minutos antes do horário programado de decolagem, mesmo com todos os outros voos do aeroporto cancelados, já que o tufão já estava praticamente na baía de Hong Kong pelo horário da partida.

Com isso vários passageiros chegaram a ir para o aeroporto, fizeram check-in e despacharam bagagem, considerando que não foi aberta uma opção de remarcação, já que o voo “estava confirmado”. Com a chegada do tufão, o voo acabou sendo remarcado para o outro dia logo após a meia-noite, irritando vários passageiros que foram até o aeroporto.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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