Empresa que lança foguete com Boeing 747 faz dura crítica à Rússia por atingir satélite em órbita

Concepção gráfica do míssil russo atingindo o satélite, em cena do vídeo que você assiste nesta matéria

A Virgin Orbit emitiu uma nota na última quinta-feira, 18 de novembro, com duras críticas à Rússia por um procedimento de atingir um satélite na órbita terrestre na segunda-feira, 15 de novembro, destruindo-o em milhares de pedaços.

A Orbit pertence ao conglomerado inglês Virgin Group do empreendedor Richard Branson – ao qual também fazem parte a companhia aérea Virgin Atlantic e a empresa de turismo espacial Virgin Galactic, entre outras -, e é bastante conhecida por promover lançamentos de foguetes executados com um avião Boeing 747-400, que leva o artefato preso sob uma de suas asas e o libera em altitude para que suba rumo ao espaço e libere, por exemplo, satélites em órbita.

O Boeing 747 da Virgin Orbit liberando um foguete em direção ao espaço – Imagem: Virgin Orbit

No comunicado da quinta-feira, o CEO da Virgin Orbit, Dan Hart, se une às demais entidades envolvidas em missões espaciais, comentando que nesta semana os militares russos destruíram “de forma deliberada e imprudente” um satélite inativo em órbita como um teste real de uma arma anti-satélite (ASAT).

“Com o grande campo de destroços resultante, muitos satélites estarão em risco de colidir com os pedaços nos próximos anos e até a Estação Espacial Internacional está agora ameaçada”, alerta Dan.

O CEO continua sua crítica destacando que, além de destruir o frágil ambiente espacial, esse tipo de ação é um claro lembrete de que a infraestrutura espacial de que dependemos para nossa economia, ciência e segurança nacional está ameaçada pela própria agressão humana.

“A Virgin Orbit se junta à comunidade espacial mais ampla para condenar universalmente esse ato destrutivo e irresponsável. A ameaça representada por armas anti-satélite tem crescido constantemente desde 2007, quando a China realizou um teste semelhante e criou um campo de destroços semelhante que ainda está sendo rastreado hoje”, lembra Dan.

Como citado pelo CEO, o teste russo na órbita da Terra colocou em risco a própria Estação Espacial Internacional (ISS), que abriga astronautas em seu interior, incluindo os da própria Rússia.

Segundo reporta a mídia norte-americana, após a destruição do satélite os astronautas da ISS receberam um alerta inesperado: “procure abrigo em sua espaçonave ancorada à ISS para o caso de uma colisão catastrófica”. A estação estava prestes a passar pela nuvem recém-criada de detritos orbitais que representava um risco significativo para os sete viajantes espaciais a bordo.

Quatro astronautas da NASA, que haviam chegado na semana passada, retiraram-se para a cápsula Dragon da americana SpaceX, enquanto dois cosmonautas da Rússia e outro astronauta alemão também da NASA se protegeram na espaçonave russa Soyuz.

Eles permaneceram dentro desses “salva-vidas orbitais” por cerca de duas horas, e, 90 minutos após saíram, precisaram repetir o exercício, enquanto a estação passava novamente pela nuvem de destroços. Desde então, a NASA cancelou diversas atividades planejadas, avisando que o cronograma estaria mudando.

Em declarações após receberam diversas críticas, as autoridades russas afirmaram que consideram que os fragmentos do satélite não oferecem risco e que o país está disposto a conversar para negociar regras para o espaço.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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