EUA remove identificação de aviões militares por “segurança operacional”

Uma recente mudança no padrão de pinturas da Força Aérea dos EUA tem causado polêmicas e questionamentos do público.

C-130J sem marcações reabastece tanque M1 Abrams | Foto – USAF

A maior e mais poderosa força aérea do mundo tem uma vasta frota de vários tipos de aviões, que ficam baseados nos quatro cantos do planeta, dando suporte aos interesses dos EUA e realizando missões operacionais.

Apesar disso, a USAF segue um certo padrão de pintura: na cauda sempre estão 2 letras (normalmente abreviatura da base ou do esquadrão) seguido de 5 dígitos que são a matrícula única daquela aeronave. Próximo está o rondel (insígina redonda com uma faixa por atrás).

Outros detalhes podem incluir a bandeira americana e uma faixa colorida referente ao esquadrão ou comando a que elas estão designadas. Aeronaves maiores também tem escrito em caixa alta “U.S. AIR FORCE”.

C-130 com as identificações normais | Foto – USAF

No entanto, isto tem mudado e afetado várias aeronaves, principalmente as presidenciais, o que gerou críticas por parte do setor civil.

Em março, o Comando de Mobilidade Aérea da USAF, responsável pela maioria das aeronaves de transporte da força, sejam cargueiras ou de passageiros, informou ao Military.com que a mudança estava sendo feita para preservar a segurança operacional das missões, principalmente quando se leva carga “sensível” e em locais mais hostis.

Recentemente, no Japão, foi visto um Boeing 757-200 (C-32A) que serve inclusive à Casa Branca e eventualmente é o Air Force One ou Air Force Two, sem a sua matrícula na fuselagem.

O esquadrão presidencial está também submetido ao AMC e, logo, seguindo a nova regra. Apesar de ser relativamente fácil identificar quando um avião é dos EUA ou não, não apenas pelas marcações mas pela pintura em si e outros detalhes, esta medida não agradou parte dos americanos que veem diminuição na transparência do setor público, e também uma possível abertura de brechas para “operações obscuras”.

A CIA já utiliza várias aeronaves sem matrícula ou com roupagem civil para suas missões secretas, mas o uso “indiscriminado” deste recurso desagrada até antigos militares.

O Tenente-Coronel aposentado Jodi Vittori, disse ao Military.com que a medida é contra o princípio público de transparência: “A comunidade tem visto a transparência do Departamento de Defesa sumir ao longo dos anos. Nós estamos tendo menos informações e é um problema para que as organizações da sociedade civil possam monitorar os seus próprios militares”.

Apesar de não ser impossível ver para onde um C-130 está voando sem as marcações, e considerando que a maior parte da comunidade civil que monitora os aviões, principalmente no Twitter, utiliza receptores de sinais de transponder, pode haver uma dificuldade na correlação.

Por vezes, é apenas visível nos radares online e no rádio que “um avião Hércules da USAF decolou da Espanha para o Marrocos”, mas agora sem matrícula visível, será mais complicado associar uma foto à aquela aeronave em específico, complicando também estabelecer uma linha do tempo de voo do avião.

Existe também o receio que quando o governo americano for confortado pela imprensa ou pela sociedade civil sobre o uso inadequado de uma aeronave, seja alegado que “este avião apontado não estava ali naquele dia”, dando espaço para desacreditar o trabalho de acompanhamento.

Até o momento, a USAF não confirmou se todas as aeronaves do AMC irão seguir esse padrão, os critérios que estão sendo usados e por que alguns aviões como o C-32 ainda têm estampados o nome do país e os C-130 não.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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