Executivo da Qatar diz que mulheres nunca mais passarão por exame ginecológico antes de embarcar

Imagem: Qatar Airways

Em uma reunião com o Senado australiano recentemente, o vice-presidente sênior da Qatar Airways, Matt Raos, afirmou que não haverá mais incidentes como o ocorrido em 2020 no aeroporto internacional de Doha, em que passageiras foram submetidas a exames ginecológicos invasivos.

Na ocasião, mulheres de várias nacionalidades, mas principalmente australianas, foram revistadas em uma ambulância na pista, após a polícia do aeroporto de Doha encontrar um bebê recém-nascido abandonado no banheiro. O caso ficou famoso em todo o mundo.

Segundo relatou a Associated Press, ele também garantiu que a Qatar Airways está comprometida em garantir que algo assim jamais aconteça novamente, respondendo assim ao senador Tony Sheldon, que solicitou uma garantia em nome das passageiras que temiam passar pelo mesmo tratamento.

O executivo, no entanto, se recusou a dar mais detalhes sobre o caso, uma vez que cinco mulheres estão processando a companhia aérea no Tribunal Federal da Austrália.

Ele afirmou que o resultado desse processo será respeitado pela Qatar Airways. Segundo as mulheres envolvidas no caso, que tiveram seus nomes suprimidos por uma ordem judicial, foram retiradas do voo para Sydney em Doha, sob a mira de uma arma por guardas, e revistadas sem consentimento. A Qatar Airways não respondeu às reclamações ou pediu desculpas às mulheres.

Em junho, elas escreveram para a Ministra dos Transportes da Austrália, Catherine King, através de seu advogado, pedindo que a companhia não fosse autorizada a aumentar o número de voos semanais para a Austrália. As mulheres alegaram que a Qatar Airways não está preparada para transportar passageiros em todo o mundo, muito menos para os principais aeroportos australianos, e pediram que o tratamento insensível e irresponsável dispensado a elas seja considerado na escolha da companhia aérea para voos adicionais.

Raos afirmou que o Catar ficou surpreso com a decisão australiana de rejeitar seu pedido de serviços adicionais para Sydney, Melbourne, Brisbane e Perth. Ele mencionou que a Austrália não deu nenhuma explicação para essa recusa. No início deste mês, a ministra King afirmou que sua decisão levou em conta as queixas das mulheres sobre o tratamento recebido, sem apontar nenhum outro fator que tenha influenciado a escolha.

O comitê do Senado também está investigando se a Qantas Airways, companhia aérea australiana, influenciou a decisão do governo a fim de reduzir a concorrência e manter as tarifas aéreas elevadas.

Vanessa Hudson, CEO da Qantas, afirmou durante a audiência que a companhia aérea fez uma apresentação ao governo em outubro passado, informando que o mercado de aviação internacional precisava se recuperar completamente da pandemia antes de permitir que a Qatar Airways aumentasse o número de voos para a Austrália.

O presidente da Qantas, Richard Goyder, garantiu aos senadores que não teve contato com o primeiro-ministro Anthony Albanese, seu gabinete, ministros ou funcionários do governo em relação à oferta da Qatar Airways para mais voos. Ele afirmou que a decisão do governo foi tomada sem nenhuma influência da companhia aérea.

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Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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