Fãs de Beyoncé confundem jato da cantora com o da JBS saindo da Venezuela

Beyoncé desembarcando em Salvador – Divulgação

Expectativas foram criadas na noite desta sexta-feira quando o jatinho da JBS foi confundido com o da cantora Beyoncé.

A cantora, que fez uma visita surpresa em Salvador na noite da última quinta (21), chegou em seu jatinho Bombardier Global 7500, o maior avião executivo “puro” fabricado hoje no mundo e com o maior alcance, o qual também foi o avião mais acompanhado daquele dia na internet.

De matrícula N440J, o jato saiu do Aeroporto Executivo de Teterboro na grande Nova York direto para a capital baiana, mas decolou de volta para a metrópole americana na sexta e, desde então, permanece estacionado em Teterboro.

Porém, um outro avião, do mesmo modelo, foi visto por mais de 1.400 pessoas simultaneamente na plataforma FlightRadar24, voando de Caracas, na Venezuela, para Salvador, na noite de sexta para sábado, e muitas pessoas e páginas de fofoca pensaram que se tratava do jato da cantora, que segundo alguns “jornalistas”, iria passar o Natal no sul da Bahia.

Mas a realidade é outra: o avião é sim Global 7500, mas do frigorífico JBS, dos irmãos Joesley, Wesley e Júnior Batista, filho dos fundadores da Friboi. Quem acompanha o AEROIN conhece a aeronave através da lista dos maiores jatinhos brasileiros.

Um dos principais pontos ignorados pelos fãs é que o jato da Beyoncé tem poucos motivos para ir para a Venezuela: além da situação caótica no país comandado por Maduro, as seguradoras tradicionais não cobrem a estadia do jato na Venezuela, sendo necessário arranjar algum outro tipo de seguro local, e que tem uma menor cobertura de possíveis danos.

A confusão também se ocorreu pelo fato da matrícula estar oculta nas principais plataformas de rastreamento, no entanto, o site ADS-B Exchange, que possui dados não-filtrados, mostrou o real registro da aeronave: PP-BFB.

PP-BFB parked on Stand 7

Segundo dados da ANAC, este avião é de propriedade da J&F Investimentos, holding que controla a JBS. O motivo da visita à Venezuela foi de negócios.

Como informado pela Folha de São Paulo, a Âmbar, que é uma subsidiária totalmente controlada pela J&F Investimentos, foi a única empresa que apresentou uma proposta ao governo brasileiro para importação de energia venezuelana.

O Governo do Presidente Lula tem falado desde a posse que o Brasil iria voltar a importar energia do país vizinho, algo que durou de 2001 até 2019, quando o então presidente-eleito Bolsonaro suspendeu o acordo que havia sido firmado por FHC.

Esta energia servirá para abastecer Roraima, o estado fronteiriço com a Venezuela. Por não estar conectado ao sistema nacional de energia, Roraima depende da importação de energia ou de uso de usinas termoéletricas domésticas, que rodam com diesel ou carvão mineral, mas também são mais poluentes.

O assunto veio à tona após a assinatura do contrato, que prevê que o Brasil irá pagar um valor até quatro vezes maior que o de mercado e do que estava acordado até 2019.

A Âmbar tem afirmado que o valor ainda estará abaixo do que se gastaria com a ativação das usinas termoelétricas dentro de Roraima. O voo do Global 7500 da J&F é ocasionado por mais uma reunião da empresa com o governo da Venezuela para tratar dos negócios em curso.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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