Flyer certifica junto à ANAC a primeira Aeronave Leve Esportiva Especial de 4 lugares do mundo

Vans RV-10 – Imagem: Flyer

A Flyer, indústria aeronáutica brasileira com sede em Sumaré (SP) e instalações também no Aeroporto Augusto de Oliveira Salvação, na cidade vizinha de Americana, informou nesta semana que, em parceria com a fabricante norte-americana Vans Aircraft, finalizou a certificação LSA (Light Sport Aircraft), ou ALE (Aeronave Leve Esportiva), da aeronave RV-10 no Brasil.

No dia 10 de novembro de 2023, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) reconheceu o processo de certificação, tornando esta a primeira aeronave ALE/LSA de 4 lugares do mundo, segundo ressalta a Flyer.

A Flyer foi fundada em 1983 pelos jovens engenheiros e irmãos Nelson Luiz e Luiz Claudio Gonçalves, com o objetivo principal de produzir, montar e vender ultraleves experimentais e aeronaves leves. Até o momento, produziu mais de 2.350 aeronaves, consolidando-se como a maior fabricante de aeronaves leves do Brasil.

“A Flyer agradece a Vans pela parceria, a ANAC pela ousadia e pioneirismo na elaboração da legislação, aos clientes, colaboradores, fornecedores e amigos pelo apoio e confiança no trabalho da empresa. A conquista não é apenas uma vitória da Flyer e sim de toda a comunidade aeronáutica!”, declara a empresa.

Imagem: Flyer

O que diz a ANAC

A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) destaca que concedeu à empresa brasileira FlyerIndústria Aeronáutica o Ofício de Reconhecimento para o avião RV-10 LSA, a reconhecendo como Aeronave Leve Esportiva (ALE) Especial.

Com o reconhecimento, a empresa fica autorizada a fabricar a aeronave no Brasil, ampliando a oferta de produtos dessa categoria no país. A Flyer é agora a nona fabricante brasileira a receber o reconhecimento de ALE Especial.

O RV-10 LSA é um marco, sendo o primeiro avião ALE Especial do mundo com capacidade para 4 lugares a atender às normas consensuais da categoria ALE.

Para o reconhecimento do RV-10 LSA, a ANAC realizou um trabalho de verificação documental amostral, visitas técnicas à fabricante e vistoria na aeronave. Esse processo teve como objetivo verificar que a empresa conduziu todas as análises e ensaios exigidos pelas normas consensuais, e que a declaração da fabricante possui fundamentos técnicos.

A Flyer estabeleceu uma parceria com a empresa Vans Aircraft, dos EUA, e iniciou os trâmites de reconhecimento da aeronave como ALE Especial em dezembro de 2022. O processo baseia-se na declaração do fabricante de que a aeronave e o sistema da qualidade da empresa atendem às normas consensuais da ASTM International, órgão internacional de normalização, conforme previsto no Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC) nº 21.

Diferenças entre RV-10 LSA e RV-10 de construção amadora

O RV-10 LSA se diferencia do RV-10 de construção amadora, uma vez que foi submetido às análises e ensaios exigidos pelas normas consensuais. Isso resultou em melhorias nos comandos de voo e os equipamentos da aeronave, incluindo o motor, têm maior confiabilidade, pois passam a atender normas da indústria aceitas internacionalmente.

Além disso, o RV-10 LSA é produzido segundo um sistema de qualidade e de produção que garante rastreabilidade e maior segurança para o operador.

A frota de ALE especiais deve ficar sob acompanhamento da fabricante, a qual deve propor melhorias e correções de projeto e produção sempre que for necessário por questões de segurança. Esse acompanhando não é obrigatório nas aeronaves de construção amadora.

Os RV-10 de construção amadora, fabricados de acordo com o RBAC 21.191(g), não são elegíveis a serem classificados como ALE Especiais.

Regulamentação da categoria ALE

O reconhecimento do RV-10 LSA como ALE Especial foi possível porque a ANAC, em julho de 2022, alterou a regulamentação da categoria ALE no Brasil, permitindo que aviões com até 4 assentos e PMD (peso máximo de decolagem) até 1.361 kg utilizem normas consensuais da categoria ALE desenvolvidas pela ASTM International.

Segundo a ANAC, essa nova regulamentação, além de aproximar o Brasil de padrões internacionais, permite uma redução de custos para a aprovação de novos projetos dessas aeronaves em comparação com o processo de certificação de tipo e mantém o nível aceitável de segurança com o atendimento às normas consensuais.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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