Dias atrás, a Boeing anunciou que ia suspender a produção do problemático 737 MAX, a notícia apesar de não ser inesperada pegou a todos de surpresa.
O motivo da surpresa é simples: meses atrás a fabricante americana afirmou que não tinha problema com espaço para estocar os 737 MAX que estavam sendo produzidos, até que o avião fosse certificado novamente.
Porém, a empresa logo depois suspendeu a produção sem dar muitas explicações concretas, e a Reuters investigou e revelou o verdadeiro motivo: realmente falta de espaço, mas não na fábrica da Boeing.
Para entender o que está sendo dito aqui, é importante saber que fábrica da Boeing apenas finaliza a montagem dos aviões, seja do 737 ou qualquer outro modelo. É assim na Airbus e também na Embraer. A bem da verdade, o nome mais correto para essa fábricas é “linha de montagem”, que recebe peças prontas e as coloca juntas para finalizar o avião.
No caso da americana, a fabricação da fuselagem (corpo da aeronave) é feita pela Spirit AeroSystems, em Wichita, no Kansas, mesma cidade da lendária fabricante Cessna.
E em Wichita já existem mais de 100 fuselagens do 737 MAX prontas, mas estocadas porque a Boeing teria suspendido parcialmente o pagamento à fornecedora, na medida em que reduz e suspende a montagem do avião. Com isso, ficou faltando dinheiro para produzir e estocar essas grandes peças em novos locais, já que os pátios da própria Spirit estavam na sua capacidade máxima.
Do Kansas as fuselagens seguem para o estado de Washington de trem, onde as asas e motores são unidos, além de ter todo interior instalado e a pintura feita.
Problemas no Kansas
No contrato entre a fabricante americana e a Spirit não é prevista compensação financeira por perda de vendas ou paralisação da montagem. Atualmente, a Spirit emprega 13 mil pessoas, sendo a maior contratante na cidade.
A capacidade máxima da empresa é de entregar 50 fuselagens por mês e 80% do seu lucro vem dos contratos com a Boeing. A Spirit tem 110 dias para produzir a fuselagem do zero, e depois de entregue à Boeing, faz o pagamento em 90 dias, que exige um dinheiro em caixa alto para pagar os funcionários e fornecedores.
Por enquanto, não houveram demissões no Wichita, mas isto está próximo de acontecer caso a Boeing demore muito para voltar com a produção do 737 MAX.