Documentos revelados pela CNN confirmam que funcionários da empresa aérea estatal etíope se esconderam no teto de uma aeronave de passageiros para fugirem do seu país, em meio a tensões locais. Embora as evidências tenham sido apresentadas, a empresa aérea nega o fato.
O incidente envolveu dois técnicos de manutenção da Ethiopian Airlines, que se esconderam em um espaço vazio no teto da cabine de passageiros de um avião comercial para fugir da Etiópia e reivindicar asilo nos Estados Unidos, confirmou um porta-voz da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA.
Os dois homens pediram asilo em 1º de dezembro, após se colocarem no pequeno espaço vazio no teto de um jato de passageiros Boeing 777 e sobreviverem a uma viagem de 36 horas desde Adis Abeba. O avião acabou em Washington, mas passou por Lagos, na Nigéria, e Dublin, Irlanda, antes de seguir aos Estados Unidos.
Uma fonte da companhia aérea que conversou com a CNN disse que uma investigação concluiu que os homens acessaram o espaço vazio por meio de um painel de manutenção dentro do compartimento de descanso dos comissários de bordo, instalado nos 777.
Na chegada em Washington DC, os homens saíram de seu esconderijo e se renderam aos oficiais da fronteira. Um porta-voz do CBP disse que os homens “possuíam cartões de identificação de funcionários da Ethiopian Airlines e que estavam escondidos com a intenção de solicitar asilo nos Estados Unidos”.
“Os dois etíopes estão atualmente alojados em um centro de detenção federal aguardando uma audiência perante um juiz de imigração”, continuou o comunicado. “A CBP emitiu uma penalidade civil à Ethiopian Airlines pela violação de segurança e foi informada sobre as medidas que a companhia aérea está adotando para aprimorar o plano de segurança da aeronave.”
A violação de segurança não é um incidente isolado. Cerca de 16 etíopes conseguiram sair ilegalmente da Etiópia nos próprios aviões da transportadora. Alguns supostamente se vestiram como tripulantes de cabine, enquanto outros se esconderam no compartimento de carga de jatos comerciais.
Dois ex-funcionários da Ethiopian Airlines contaram como fugiram para Bruxelas em 4 de dezembro de 2021, depois de se esconderem entre a bagagem no porão de carga de um avião. “Nós corremos o risco. Não tínhamos escolha, não podíamos viver em Adis Abeba, estávamos sendo tratados como terroristas”, disse um dos homens à CNN.
Ambos são de herança Tigray da região contestada no norte da Etiópia. O governo etíope esteve envolvido em um conflito feroz com os separatistas tigrés e a porta-bandeira nacional foi acusada de ajudar no transporte de armas e militares.
A Ethiopian Airlines ainda não comentou publicamente as últimas alegações.
