Um documento vazado aponta a intenção deliberada da JetBlue de subir tarifas em rotas que são operadas pela Spirit Airlines, uma empresa aérea de ultrabaixo-custo.
A compra da Spirit tem sido uma grande batalha entre outra ultralow-cost, a Frontier Airlines,e a JetBlue, uma low-cost mais “tradicional” e fundada pelo brasileiro David Neeleman.
A fusão ainda está sendo analisada pelas autoridades americanas e, no meio tempo, um grupo de clientes decidiu processar a JetBlue, acusando-a de práticas anti-concorrenciais diante da fusão.
Eis que agora, um documento obtido por esta parte mostra um plano agressivo da empresa de Nova York. Os planos da JetBlue são acabar de vez com o modelo da Spirit Airlines, trazendo a configuração de 182 assentos nos A320 para o 162 já presentes nos Airbus da companhia, que contam com 42 poltronas com maior espaço e reclinação, a chamada Econômica Premium, onde também é cobrado mais caro.
A Spirit cresceu tendo uma agressiva política de preços baixos, mas sendo menos confortável entre as empresas americanas, com os assentos mais duros do mercado, com quase nenhum reclínio e com cobranças por bagagens de mão ou qualquer “extra”.
Estes planos da JetBlue foram descobertos pelos passageiros em um documento que a empresa enviou para o Conselho para demonstrar aos investidores como iria fazer valer (gerar retorno) com a compra da Spirit, que representa um grande desembolso de caixa.
Para as autoridades, a JetBlue argumentou sempre que a fusão traria benefícios para os consumidores, já que a malha das duas empresas seria reforçada e faria frente à American, Delta, United e Southwest, que são as 4 maiores e mais tradicionais empresas aéreas americanas.
Mas no documento é apontado que, para compensar o dispêndio da fusão, a empresa iria aumentar de 24% a 40% o valor das tarifas nas rotas que hoje a Spirit opera. Outro ponto que pesa muito contra a fusão é que o próprio levantamento da JetBlue aponta que apenas o fato da entrada da Spirit em uma rota gerava entre 18% e 36% de aumento no número de passageiros, fortalecendo a tese de acusação dos passageiros.
Todos estes dados e o documento foram juntados ao processo, e o portal jurídico Law360 teve acesso em primeira mão. Ao cobrar posicionamento, as empresas pediram para que as informações não fossem publicadas.
Mantendo o compromisso com a informação pública, o Law360 prosseguiu com a publicação da matéria e nenhuma das partes, incluindo a JetBlue, quis comentar o caso.
