Juiz dos EUA decide que passageiros dos acidentes do Boeing 737 MAX são “vítimas de crimes”

Um juiz de um tribunal federal dos Estados Unidos decidiu que os 346 passageiros vitimados pelas quedas de duas aeronaves do modelo Boeing 737 MAX em 2018, na Indonésia, e 2019, na Etiópia, são vítimas de crimes. Por consequência, suas famílias deveriam ter sido informadas sobre negociações privadas sobre um acordo que poupou a Boeing de persecução penal.

Segundo o jornal New York Times, o impacto da decisão ainda não está claro, no entanto. O juiz disse que o próximo passo é decidir quais soluções as famílias das vítimas devem receber por não serem informadas das negociações entre o governo dos EUA e a Boeing.

Parentes estão pressionando para cancelar o acordo do governo dos EUA com a Boeing, firmado em janeiro de 2021, e expressaram raiva por ninguém na empresa ter sido responsabilizado criminalmente pelos dois acidentes.

Acidentes e problemas

Depois dos acidentes, todos os jatos Boeing 737 MAX foram aterrados em todo o mundo por quase dois anos. Eles foram liberados para voar novamente depois que a Boeing revisou um sistema automatizado de controle de voo que foi ativado erroneamente em ambos os acidentes.

A Boeing, que enganou os reguladores de segurança dos EUA, levando à aprovação para os voos do MAX com os sistemas novos, mas sem treinamento para as tripulações, concordou em pagar US$ 2,5 bilhões, incluindo uma multa de US$ 243,6 milhões. O Departamento de Justiça dos EUA, em troca, concordou em não processar a empresa por conspiração para fraudar o governo.

A Boeing não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da imprensa sobre a decisão do juiz.

O Departamento de Justiça, ao explicar por que não contou às famílias sobre as negociações secretas com a empresa, argumentou que os parentes não eram vítimas do crime. No entanto, o juiz distrital dos EUA Reed O’Connor disse que os acidentes foram uma consequência previsível da conspiração da Boeing, tornando os parentes representantes das vítimas do crime.

Em suma, se não fosse a conspiração criminosa da Boeing para fraudar a FAA, 346 pessoas não teriam perdido a vida nos acidentes”, escreveu ele.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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