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Liberado vídeo do ‘tail strike’ do Airbus A320 em ação para prevenir colisão frontal com avião King Air B300

Investigadores liberaram o vídeo de uma grave ocorrência, quando os pilotos de um A320 decolaram raspando a cauda na pista quando buscaram evitar uma possível colisão frontal com outro avião.

Momento da decolagem, em cena do vídeo apresentado abaixo – Imagem: Divulgação – NTSB

Como noticiado pelo AEROIN, o caso, cuja investigação agora foi finalizada, aconteceu em janeiro de 2022, no Aeroporto de Yampa Valley, no Colorado, um popular destino turístico de inverno com várias montanhas para a prática de esportes na neve.

Por ser um aeroporto pequeno, usado com frequência apenas na temporada de inverno, ele não conta com Torre de Controle, tendo apenas uma frequência de comunicação dedicada para que os pilotos conversem e coordenem os voos entre si.

Na referida ocorrência, um Airbus A320 da JetBlue estava decolando a partir da cabeceira 10 e um turboélice Beechcraft King Air B300 estava chegando para pouso, inicialmente pela mesma cabeceira.

Porém, a tripulação mudou de ideia e informou que iria pousar no sentido oposto, pela cabeceira 28, mas essa mudança ocorreu 5 segundos após a tripulação do A320 declarar que estava iniciando a decolagem pela cabeceira 10.

Percebendo a situação, os pilotos do King Air alertaram que estavam pousando, e os pilotos da JetBlue responderam dizendo que “Pensávamos que você estariam de 8 a 9 milhas distante”. Os aviadores do turboélice responderam: “Estamos a 4 milhas, menos que isso”.

Neste momento, a tripulação da JetBlue, não observando a aeronave por contato visual e nem no display de navegação que é integrado ao sistema de anti-colisão, o TCAS, prosseguiu com a decolagem, e novamente a tripulação do B300 alertou que eles estavam prosseguindo para pouso e disse: “Eu espero que vocês não nos acertem”.

Em torno de 11 segundos após o início da decolagem, pouco antes de o A320 atingir 80 nós de velocidade durante a corrida pela pista, o piloto da JetBlue que estava monitorando o voo questionou ao piloto em comando se o King Air estava pousando na pista 28.

A resposta do piloto em comando foi “Ele está?”, mostrando que até aquele momento eles não tinham se atentado de que o King Air havia avisado que estava se aproximando no sentido oposto. O outro piloto respondeu: “Sim, ele está na 28, você vê ele?”, e o piloto em comando respondeu de volta que não o via.

Nove segundos depois, o próprio Airbus começou a alertar sobre a proximidade com outro avião e risco de colisão, através do alerta do TCAS. Para evitar a possível colisão, o piloto em comando da JetBlue puxou o manche (sidestick) imediatamente para tirar o avião do solo o mais rápido possível, mesmo estando 24 nós (44 km/h) abaixo da velocidade ideal para essa ação.

Com isso, o Airbus acabou raspando a cauda na pista, o chamado tail strike. Ele também comandou a aeronave para a direita para aumentar a separação das duas aeronaves, que, no momento de menor distância, chegou a 2,27 milhas náuticas (4 km).

O King Air acabou prosseguindo para o pouso normalmente. O sistema da aeronave da JetBlue acusou o tail strike aos pilotos, que também foi confirmado pelas comissárias quando os pilotos as perguntaram. Um vídeo gravado por um passageiro inclusive mostrou o que foi sentido a bordo no momento da colisão da cauda (a gravação pode ser vista novamente neste link).

Em comunicação com a central de manutenção da empresa, os pilotos decidiram desviar para Denver para que o avião pudesse ser avaliado. Com isso, o voo foi cancelado após chegar no principal aeroporto do Colorado, devido aos reparos necessários no A320.

Com a conclusão das investigações feitas pelo NTSB, órgão americano que investiga acidentes e incidentes nos transportes, as imagens da câmara do aeroporto foram divulgadas ao público, conforme o vídeo a seguir:

O relatório final do NTSB apontou que os pilotos da JetBlue estavam esperando o King Air pousar na mesma cabeceira (mesmo sentido) em que eles decolariam, como acontece por padrão em aeroportos controlados nos quais eles já estavam mais acostumados e voavam com maior frequência. Isso influenciou no julgamento deles de tempo para a decolagem, sendo determinado que esta foi a causa mais provável do incidente, assim como também foi apontada a má comunicação de ambas as partes na frequência de coordenação de voo.

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