Se tem algo pior do que não chegar a seu destino por uma mudança forçada de planos em uma viagem aérea, é saber que voltou ao ponto de partida 11 horas depois de ter decolado.
Um voo da KLM nessa quinta-feira, 28 de novembro, partiu da principal base da companhia aérea holandesa, o aeroporto de Amsterdam – Schiphol, com destino à Cidade do México, em uma expectativa de pousar com pouco mais de 11 horas de trajeto.
Desde às 13:40 (horário GMT) a bordo do Boeing 747-400M de matrícula PH-BFT (pelo menos os desafortunados passageiros estavam dentro de um Jumbo!), os viajantes já haviam embarcado há mais ou menos 6 horas (eram 19:37 GMT) e podiam ver pelas janelas da aeronave as terras da América do Norte, pois sobrevoavam o litoral do Canadá.
Porém, nesse ponto a tripulação do voo KL685 recebeu informações de que a erupção do vulcão mexicano Popocatepetl, que explodiu nesta quinta-feira, havia criado uma grande nuvem de cinzas sobre parte do México.
Por que cinzas vulcânicas são um problema?
Devido à potência e à enorme temperatura das erupções vulcânicas, a nuvem de cinzas – emitida a partir da queima de todo tipo de componente pela lava do magma terrestre – atinge elevadas altitudes, encontrando intensas correntes de vento. Com isso, a densa nuvem de partículas sólidas é empurrada por centenas de quilômetros.
Com a atmosfera repleta de impurezas, as aeronaves podem enfrentar problemas sérios, como falhas, danos e/ou apagamento dos motores, contaminação e/ou entupimento de orifícios como os que medem a velocidade, redução das condições de visibilidade dos pilotos, entre outros.
Decisão pelo retorno
Diante da situação crítica inesperada, os pilotos precisavam tomar uma decisão. Poderiam desviar para uma parada nas proximidades de onde o voo sobrevoava, ou voltar para Amsterdam, uma vez que eles também tinham combustível suficiente para retornar a Schipol.
A decisão tomada foi o retorno para Amsterdam, e por dois motivos.
Em primeiro lugar, os requisitos de visto dos passageiros significava que o desembarque nos Estados Unidos ou no Canadá poderia ser impraticável dependendo das nacionalidades a bordo, então só ocorreria se fosse essencial.
Em segundo lugar, segundo informações da KLM, a aeronave também tinha uma carga de cavalos vivos a bordo, o que presumivelmente poderia gerar problemas com o desvio para um aeroporto não preparado para lidar com os animais.
Note que a aeronave em questão, o 747-400M de matrícula PH-BFT, apresenta a letra “M” em seu modelo para indicar se tratar de um Jumbo misto, que possui em seu compartimento principal uma seção que pode levar cargas maiores além daquelas que caberiam apenas em seu compartimento inferior.
De volta para casa…
Com a decisão pelo retorno, o Jumbo iniciou seu retorno à Europa sobre o leste do Québec. Após mais de 5 horas de voo sobre o oceano Atlântico Norte, o Boeing 747 da KLM pousava de volta em Amsterdam, por volta da 01:30 (GMT), em torno de 11 horas após a decolagem.
Em nota, a KLM informou que:
“Devido a uma erupção vulcânica no México, o voo KL685 Amsterdam-México retornou a Schiphol na quinta-feira 28 de novembro. O voo aterrissou com segurança em Schiphol às 2h30, onde os passageiros desembarcaram normalmente e foram atendidos em Amsterdam. Eles serão alocados em um voos alternativos. O desembarque em outro aeroporto não foi possível, devido às exigências de visto dos passageiros e porque havia uma grande carga de cavalos a bordo. ”