O coronavírus e a subsequente queda na demanda de viagens continuam a afetar de forma devastadora as companhias aéreas. As notícias de Hong Kong nesta manhã são de que a companhia aérea local, Cathay Pacific, estacionou mais da metade de sua frota e esse número deverá aumentar.
Conforme divulgamos na semana passada, imagens de dezenas de aeronaves paradas pelos aeroportos da China começavam a dar uma dimensão do impacto na aviação. E as informações de hoje mostram que a situação é tão ruim ou ainda pior do que parecia.
Aeronaves estacionadas e corte de capacidade
Um relatório de Danny Lee no South China Morning Post nessa segunda-feira diz que a Cathay Pacific cortou 75% de seus voos ao longo de março e tem 120 de suas 152 aeronaves no solo em Hong Kong.
A título de comparação, durante o surto de SARS em 2003, a companhia aérea estacionou cerca de 25% de suas aeronaves e reduziu seus voos em 45%.
O relatório cita o analista da Bocom International, Luya You, que destaca um ponto importante: “Um surto é o tipo de impacto macro que é realmente difícil para uma companhia aérea planejar. Durante um surto, tudo desmorona porque, não importa o preço, as pessoas não estão mais dispostas a voar”.
Muito a perder e nada a fazer
A Cathay Pacific é a companhia aérea da ilha chinesa que mais tem a perder à medida que a atual crise se desenrola. A empresa detinha mais de 50% do tráfego entre a China continental e Hong Kong.
Esses voos representam uma parcela significativa da capacidade e receita gerais de assentos da Cathay. O corte de voos para a China continental chega a 90%.
A situação não dá muito espaço para manobras. A Cathay Pacific já vinha perdendo dinheiro com os protestos civis em Hong Kong nos meses anteriores ao coronavírus. Agora, não resta nada a fazer a não ser reduzir as despesas e esperar até que a crise passe.
Várias semanas atrás, a Cathay solicitou que 25 mil de seus funcionários tirassem três semanas de férias não remuneradas nos próximos três meses.
Groundcraft pic.twitter.com/ru1uHy91uq
— Will Horton (@winglets747) February 22, 2020
Ajuda financeira do aeroporto
Como a Cathay Pacific sente a pressão financeira da crise, buscou socorro junto ao aeroporto de Hong Kong.
O aeroporto, pressionado por um sério declínio no tráfego e nas receitas, ofereceu um pacote de ajuda no valor de um quinto do seu lucro líquido mais recente.
Mas a companhia aérea queria mais, e o aeroporto de Hong Kong não está disposto a oferecer muito mais. A Cathay Pacific disse hoje que ficou decepcionada, entretanto, eles não são os únicos negócios em Hong Kong sob tensão financeira.
Com previsão de que a situação ainda piore antes de melhorar, poderemos ver ainda mais aviões estacionados no Aeroporto Internacional de Hong Kong e em outros mais.