Mais de 100 jatinhos de oligarcas russos estão presos em Dubai após escaparem de sanções

Gulfstream G550 decolando – Foto de James via Flickr

Quando a Rússia atacou a Ucrânia, muitas nações ocidentais se uniram para penalizá-la por suas ações, impondo uma série de sanções com objetivo de desestabilizar não apenas a economia russa, mas também alguns dos aliados mais próximos do presidente russo, Vladimir Putin. Nesse processo, muitos oligarcas e bilionários russos tiveram alguns de seus bens mais luxuosos colocados em risco de confisco. 

Para salvar esses ativos de milhões de dólares, os oligarcas correram para levá-los a locais “seguros”, onde não poderiam ser apreendidos. A escolha da maioria dos bilionários foi, então, levar os jatos para Dubai, onde mais de 100 deles estariam estocados hoje, informou o The Wall Street Journal

Para chegar a essa conclusão, o jornal americano citou imagens de satélite da Terra Planet Labs e dados da empresa de pesquisa aeroespacial WINGX.

Salvos, mas por um tempo

Ainda que estivessem salvos do arresto, essas aeronaves luxuosas podem estar em risco de ficar sem manutenção adequada.

“Muitos dos aviões relacionados à Rússia se mudaram para os Emirados Árabes Unidos porque você pode voar no espaço aéreo de lá”, disse Steve Varsano, CEO de uma corretora de vendas de aviões particulares com sede em Londres. “Mas, uma vez que você chega lá, você está praticamente de castigo porque não pode manter os aviões”.

Com sua fala, Varsano está se referindo a alguns temas. Um deles refere-se às dificuldades de realizar a manutenção periódica das aeronaves no aeroporto Dubai World Central (DWC), que é novo e, portanto, não possui toda a estrutura que essas aeronaves precisam. Além disso, os jatos não podem voar para a Europa e Estados Unidos por causa das sanções e nem obter peças de reposição das fabricantes.

Outro agravante é o registro das aeronaves. Como muitas estavam registradas em países ocidentais, que revogaram suas matrículas, elas podem estar em situação irregular e, portanto, impedidas de decolar. Registrar as aeronaves na Rússia poderia ser uma opção, mas tal procedimento poderia ser considerado irregular e piorar ainda mais o acesso aos serviços de manutenção e peças. Isso sem contar que, com registro russo, esses aviões dificilmente voltariam a voar no ocidente enquanto as sanções perdurarem.

Levar os aviões para a Rússia também não ajudaria, já que não haveria muitas oficinas disponíveis para realizar a manutenção das luxuosas aeronaves e nem estoques de peças suficientes.

Em resumo, os ricaços russos salvaram os jatos, mas a cada dia que passa, sua condição fica mais complicada e sair de Dubai pode ser cada vez mais desafiador. Os próximos capítulos dessa história serão importantes de serem observados.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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