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Nova Diretriz para aviões Embraer 195-E2 trata de um desgaste inesperado de peças na asa

E195-E2 – Imagem: Embraer

Neste mês de maio, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) emitiu uma nova Diretriz de Aeronavegabilidade (AD, ou DA na sigla em inglês) aplicável a todos os aviões Embraer ERJ 190-400, modelo comercialmente conhecido como Embraer 195-E2, que passou a ter efetividade na última quinta-feira, 18 de maio.

Aos leitores que não possuem familiaridade com a regulamentação aeronáutica, cabe explicar que uma DA/AD é uma informação emitida por uma autoridade aeronáutica, cujo cumprimento é mandatório e que estabelece, conforme o caso, inspeções, modificações, instruções e limitações aplicáveis a produtos aeronáuticos, quando existe uma condição insegura em um produto e essa condição tem probabilidade de existir ou se desenvolver em outros produtos de mesmo projeto de tipo.

A nova diretriz emitida pela ANAC, de numeração 2023-05-02, determina que nenhuma aeronave à qual se aplica esta DA pode ser operada exceto após o cumprimento da mesma dentro dos prazos nela estabelecidos.

De acordo com as informações da DA, baseadas em uma revisão de um Boletim de Serviço da Embraer datada de 26 de abril de 2023, foi constatado um desgaste inesperado de peças nas asas dos E195-E2, sendo necessário o cumprimento das medidas preventivas para que não haja impacto na segurança das aeronaves.

O desgaste foi descoberto nos conjuntos das rótulas das articulações das superfícies dos ailerons (partes móveis das asas usadas para fazer curvas) durante o teste funcional de backlash do sistema de controle do aileron, que se mostrou acima dos limites de certificação do avião.

Um backlash excessivo pode resultar em um fenômeno de Oscilações de Ciclo Limite (LCO – Limit Cycle Oscillation), expondo a estrutura e os sistemas ao redor a níveis de vibração inaceitáveis e reduzindo a controlabilidade do avião.

Segundo a ANAC, como esta condição pode ocorrer em outros aviões do mesmo tipo e afeta a segurança de voo, é requerida a adoção de uma ação corretiva.

A Diretriz de Aeronavegabilidade instrui que deve ser realizada inspeção dos ailerons dos lados direito e esquerdo do avião e substituição, se necessário, das rótulas e buchas das superfícies do aileron da asa.

As empresas que operam os Embraer 195-E2 terão que cumprir a inspeção dentro de 750 a 3.000 horas de voo (FH – Flight Hours), a depender de quantas horas de voo já acumularam desde que foram fabricadas (FHSN – Flight Hours Since New), conforme a tabela a seguir:

Depois do cumprimento inicial, os aviões deverão continuar sendo periodicamente inspecionados quanto a esse desgaste, sempre a cada 3.000 horas de voo.

Como é de praxe acontecer entre as autoridades de aviação que possuem acordos entre si, a DA emitida pela ANAC já foi reproduzida pela EASA (Agência da União Europeia para a Segurança da Aviação) às empresas que operam o E195-E2 na Europa.

Por fim, também cabe explicar aos leitores que não possuem familiaridade com a regulamentação aeronáutica que diretrizes de aeronavegabilidade são periodicamente emitidas pelas autoridades de aviação do mundo todo, para aeronaves de todas as fabricantes, sempre que qualquer condição insegura em um produto é descoberta.

É essa metodologia que, na absoluta maioria das vezes, leva à descoberta e solução de problemas antes que resultem em incidente ou acidentes, e que se reflete nos altos níveis de segurança da aviação.

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