Polêmica com o bônus milionário do CEO da American Airlines

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Avião Boeing 787-8 Dreamliner American Airlines
Imagem: Anna Zvereva / CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

Como sabemos, a pandemia da COVID-19 vem assolando principalmente o setor aéreo, e grandes companhias aéreas têm feito cortes significativos em seus quadros de funcionários para redução de gastos.

A American Airlines, por exemplo, abriu programas de demissões voluntárias e adiantamento de aposentadorias, além de colocar grande parte de seus colaboradores em licença temporária devido à baixa demanda resultante da pandemia, reduzindo também seus salários. Também há exemplo de CEOs de certas companhias aéreas, como a Qantas, que abriram mão de seus salários para também gerar alguma economia à empresa.

Tudo é válido para a empresa se sair bem, mas o bônus de (ao menos) $7 milhões de dólares do CEO da American Airlines, Doug Parker, tem gerado grande discussão entre associações de funcionários, analistas do setor e, principalmente, investidores, num ano em que a empresa precisou de bilhões em ajuda do governo americano para se manter em pé e cortou mais de 15.000 pessoas.

O assunto é polêmico. Segundo reporta o View From The Wing, o dinheiro do bônus de Parker não afetaria significativamente o balanço da empresa no curto prazo, já que ele será pago na forma de 404.040 ações da companhia, as quais estão extremamente desvalorizadas diante do momento em que o mundo vive. Veja abaixo a oscilação das ações da American nos últimos cinco anos:

É aí que reside a questão. Funcionários e ex-funcionários acham errado pagar uma fortuna aos executivos e que todos deveriam pagar a conta. OK, eles podem até ter sua parcela de razão no pleito. No entanto, são os investidores que têm um ponto interessante.

Para eles, que perderam muito dinheiro com as ações da empresa desde o início da pandemia, soou mal o fato de os executivos se beneficiarem exatamente desse momento de baixa brutal nos papéis para assim receberem seus prêmios anuais e ganharem muito dinheiro com a valorização das ações num futuro próximo. Sem que, necessariamente, precisem fazer algo para que o preço das ações subam – os preços estão tão baixos que sua subida é questão natural e não depende de ações dos executivos, além deles terem informações privilegiadas sobre o negócio, algo que os investidores não têm.

No final, tudo são sinais dos tempos. A verdade é que receber o pagamento ações é algo comum em várias empresas americanas, onde os executivos (C-levels) atrelam sua remuneração ao sucesso da empresa. Desde 2015, Doug Parker recebe a maior parte de sua compensação dessa forma.

Por ser uma empresa de capital aberto, certamente a próxima assembleia de acionistas promete altas discussões e muitas prestação de contas com, quem sabe, alguma lavação de roupa suja.

CEO American Airlines Doug Parker
CEO Doug Parker – Imagem: American Airlines

Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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