A fabricante brasileira Embraer é reconhecida mundialmente pela qualidade de seus jatos regionais, com especial destaque para o E175-E1, que vendeu centenas de unidades para as empresas aéreas americanas. No entanto, sua versão mais nova, o E175-E2, não conseguiu uma venda sequer no maior mercado de aviação do mundo.
O E175-E2 é uma aeronave mais nova, de última geração, que oferece maior economia e melhor experiência aos passageiros, além de possibilitar a abertura de novas rotas e aumento das margens nas rotas já existentes. No entanto, ele tem enfrentado dificuldades para vender bem nos Estados Unidos, e parte da culpa não é da Embraer.
As principais companhias aéreas nos Estados Unidos têm contratos com operadoras regionais para operar jatos menores a um custo menor do que se fosse feito diretamente pela linha principal. Com isso, o jato Embraer E175-E1, de 70 a 76 lugares, é um dos mais populares deste modelo de negócio, com mais de 500 unidades ativas naquele mercado e ainda dezenas de outras a serem entregues nos próximos anos.
No entanto, as companhias aéreas têm seus próprios acordos com os sindicatos de pilotos, que incluem cláusulas de escopo, e é isso que tem dificultado a venda do Embraer E175-E2. As cláusulas de escopo atuais limitam o tamanho das aeronaves que as transportadoras regionais têm autorização para operar, colocando o E175-E2 fora desta faixa devido ao seu peso, apesar de ter capacidade similar ao da geração anterior.
Em termos práticos, a cláusula de escopo limita o peso máximo de decolagem (MTOW) das aeronaves regionais em 86.000 libras (39 mil quilos), enquanto que o E175-E2 tem um MTOW de 98.120 libras (44,6 mil quilos).
Assim, a Embraer considera as cláusulas de escopo uma barreira para as vendas do E175-E2 e sua contribuição para um futuro mais verde, uma vez que as aeronaves de última geração têm um impacto maior na redução das emissões da aviação.
O problema é que qualquer alteração nas cláusulas de escopo requer negociações e isso leva tempo, além de enfrentar resistências. Todas as vezes que o assunto voltou à pauta, os debates não frutificaram. E, enquanto isso não mudar, a Embraer seguirá de mãos atadas quanto ao E175-E2.