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Putin faz voo internacional num Ilyushin IL-96 pela primeira vez desde a invasão da Ucrânia

Foto por Dmitry Terekhov via Flickr

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi fotografado embarcando em um voo com destino ao Tajiquistão e ao Turcomenistão nesta quarta-feira (29), onde participa de reuniões e de um encontro regional. A visita aos países asiáticos é a primeira viagem internacional do chefe do executivo russo desde que tomou a decisão de invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro deste ano.

Como relatou a imprensa internacional, a primeira parada foi no Tajiquistão, onde Putin se reuniu com o presidente tajique Emomali Rahmon, e no último participou da Sexta Cúpula do Cáspio ao lado dos presidentes do Turcomenistão, Cazaquistão, Irã e Azerbaijão. O Afeganistão foi um foco particular da visita de Putin ao Tajiquistão, dada a longa fronteira entre esses países, as difíceis relações com o Talibã e o fato de que a maior base militar da Rússia no exterior estar no Tajiquistão.

Conhecendo o IL-96

O Ilyushin IL-96, usado por Putin nessa viagem, é um modelo que remonta da época da União Soviética, tendo sido um dos grandes símbolos da sua aviação comercial. Por muitos anos, fez voos internacionais da Aeroflot, inclusive para o Brasl, mas seus custos levaram a empresa nacional russa a abandonar o modelo em 2014.

O jato é um derivado do IL-86 e tem capacidade para até 300 passageiros. É movido por quatro motores Aviadvigatel (Soloviev) PS-90A, capazes de fornecer um alcance de 11.000 km. É o primeiro widebody, com seu primeiro voo registrado em 1988, mas só em 1992 foi certificado e, depois, entregue à Aeroflot como cliente lançador em 1993.

O fabricante não conseguiu organizar uma produção em massa comercialmente viável, fabricando apenas uma aeronave por ano e, portanto poucos seguiram voando. A Cubana de Aviación é a única companhia aérea com voos comerciais deste modelo, atualmente. Todos os outros fazem voos militares e VIPs para o Governo Russo.

Quatro variantes foram certificadas, o Il 96-300, o Il 96M (versão modernizada), o Il 96T (versão de carga) e o Il 96-400. Nestes 34 anos de produção, apenas cerca de 30 unidades foram fabricadas, a maioria foi usada para várias funções do governo russo e da estatal Rossiya. Embora o programa tenha fracassado, devido aos altos níveis de consumo de combustível, principal fator para as baixas vendas, a UAC continuou investindo nele.

Até antes da guerra na Ucrânia, o jato ainda vinha sendo produzido, mas muito lentamente e apenas na versão IL-96-400, um dos modelos modernizados e com novos motores, feita a pedido do governo russo para que operem em voos VIP e plataformas de guerra eletrônica ou inteligência no futuro.

Depois da guerra, e com o advento das sanções ocidentais, as empresas aéreas russas ficaram impedida de alugar ou comprar aviões de fabricantes como Airbus ou Boeing, de modo que têm que buscar internamente por soluções. Numa delas, a Rússia disse que pode acelerar a produção de jatos de gerações passadas, incluindo o IL-96, para que sirva às frotas das companhias locais.

Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.