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Redução de voos em Schiphol terá ‘consequências dramáticas à KLM e à acessibilidade do país’

Aviões menores da frota serão os primeiros afetados – Imagem ilustrativa – Fonte: KLM

Como publicado previamente na sexta-feira, 24 de junho, pelo AEROIN, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) publicou seu posicionamento sobre a decisão do governo holandês de reduzir o número máximo de operações permitidas no aeroporto de Amsterdã, um dos mais importantes da Europa em termos de conexões aéreas.

E, é claro, a companhia holandesa KLM, principal responsável por essa enorme conectividade global do terminal aeroportuário Schiphol, também se manifestou sobre a decisão do governo, afirmando que terá “consequências dramáticas para a KLM e para a acessibilidade da Holanda, e não alcançará os benefícios desejados para o clima e qualidade de vida“.

Segundo a companhia, a decisão está em conflito com o acordo de coalizão do governo de três maneiras diferentes: não condiz com o desejo de manter uma função central forte para a economia nacional; não suporta empreendimentos nacionais estáveis ​​e previsíveis; e não melhora a qualidade de vida e o clima.

A KLM está investindo milhões em uma frota mais sustentável, cumprindo assim seus acordos com o governo. Estes são investimentos de longo prazo, o que significa que é preciso ter a garantia de estabilidade na política.

O governo projetou um futuro com 540.000 movimentos de aeronaves. Cortar para 440.000 equivale a uma redução de 20%. Esses cortes foram anunciados sem deliberação prévia e sem argumentação adequada. Além do anúncio do governo, a KLM não recebeu nenhuma notificação por escrito ou planos claros. A companhia ainda espera receber mais detalhes e, enquanto isso, considerará as medidas que poderá tomar em resposta.

A rede da KLM conecta a Holanda com quase todos os principais centros econômicos do mundo. Isso é importante porque a Holanda é uma nação comercial internacional e porque a acessibilidade é um fator decisivo para corporações internacionais que estabelecem escritórios na Europa.

É por isso que, antes, o governo havia enfatizado a importância de uma função de hub forte em seu acordo de coalizão e apoiou a KLM com empréstimos durante a pandemia de coronavírus, confirmando assim a importância da rede KLM para a economia holandesa. O grande corte agora proposto nos movimentos de aeronaves prejudica a função do hub.

A demanda global por mobilidade permanece inalterada e continua a se desenvolver. As pessoas desejam continuar voando para lugares que ainda não são (rapidamente ou facilmente) acessíveis de carro ou trem. Se a KLM tiver que reduzir o número de voos, os viajantes optarão por outras rotas (menos eficientes) para o mesmo destino. O impacto ambiental será o mesmo.

A KLM insta o governo a tomar medidas que efetivamente melhorem a sustentabilidade, como apoiar a produção de combustível sustentável de aviação (SAF) e a realização de um Céu Único Europeu (unificação dos controles de espaço aéreo) que reduziria as emissões de CO2 em 10%.

O acordo de coalizão previamente definido também afirma que o governo quer oferecer “um ambiente estável e previsível para as empresas” e se esforçará para “reduzir o impacto negativo do transporte aéreo sobre as pessoas, o meio ambiente e a natureza”. Segundo a KLM, encolher Schiphol terá o efeito oposto.

As corporações internacionais vão virar as costas para a Holanda. Os fluxos de tráfego buscarão novas rotas, gerando as mesmas ou mais emissões de CO2. Além disso, isso não resolverá o problema holandês de deposição de nitrogênio, porque o transporte aéreo representa apenas 1% do nitrogênio depositado.

Esta decisão também marca um retorno ao antigo sistema de medição de ruído, que é baseado em uma rede de pontos de medição, cada um com um limite total de ruído. Assim que esse limite for atingido, as companhias aéreas devem mudar para uma pista diferente, o que significa que sobrevoarão áreas onde mais habitantes são afetados pelo ruído.

A consequência será um maior uso de pistas em que há mais pessoas vivendo sob suas trajetórias de voo (as pistas nomeadas como Buitenveldert e Zwanenburg) para garantir que as operações permaneçam dentro dos limites estipulados, mas, mesmo com menos movimentos de aeronaves, mais pessoas que vivem nas proximidades de Schiphol sofrerão incômodos sonoros. Isso é, obviamente, totalmente ilógico.

Sobre a rede de voos da KLM

A rede da KLM depende do número de destinos que a empresa atende e das frequências de voos que opera. Isso ocorre porque a KLM e suas companhias aéreas parceiras oferecem conexões lógicas entre destinos por meio de um sistema hub-and-spoke operando em Schiphol. Cada voo cancelado tem consequências para os passageiros que chegam para voos de ligação. Em outras palavras, operar menos voos também significa oferecer menos conexões lógicas.

Consequentemente, os voos não podem ser reservados de forma otimizada e as operações tornam-se menos rentáveis. As frequências oferecidas e o número de destinos (geralmente menores) diminuirão. O encolhimento, portanto, afeta a KLM de forma desproporcional e corrói significativamente sua função de hub.

Se a KLM for obrigada a abrir mão de slots, terá que se despedir de suas aeronaves menores para, posteriormente, se concentrar em fluxos de tráfego europeus “mais significativos” operando suas aeronaves maiores em uma frequência mais baixa. Outros destinos desaparecerão da rede.

A rede intrincadamente conectada da KLM – atualmente atendendo 170 destinos – não será mais sustentável. E esse resultado tomará forma rapidamente.

Informações da KLM

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