Terroristas acabaram com o mini-hub que a espanhola Iberia um dia teve em Miami

A Iberia, uma das principais transportadoras aéreas espanholas, já operou um “mini-hub” no Aeroporto Internacional de Miami, no sul da Flórida. A cidade americana, que sempre teve uma grande importância econômica, serviu como um ponto de conexão para voos entre América do Sul, América Central e Europa para a companhia aérea.

No ano de 1991, a Iberia operava dois voos diários com o avião Boeing 747, ligando o Aeroporto de Madrid-Barajas e o de Miami. Naquela época, por ser a principal transportadora europeia a servir a América Latina, a Iberia viu a vantagem de ter uma base de aviões em Miami para alimentar seus voos com destino a Madrid. Para tais voos de conexão, foram escolhidos quatro aviões McDonnell Douglas MD-87.

Através dos MD-87, a Iberia proporcionava aos passageiros voos de conexão de Miami para vários aeroportos na América Latina, incluindo a Guatemala, Panamá, Costa Rica, México, Honduras, El Salvador e Nicarágua. Tal iniciativa se provou tão popular que, na primavera de 2001, a companhia aérea anunciou que trocaria seus MD-87 em Miami por quatro novos aviões Airbus A319, aumentando assim a capacidade em suas rotas de Miami para a América Latina em 15%.

Após o devastador terremoto de 2001 em El Salvador, a Iberia usou seus novos A319 para transportar ajuda às vítimas em voos de entrega provenientes da Espanha.

No entanto, a Iberia decidiu encerrar seu “mini-hub”. A decisão foi desencadeada principalmente pelo ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington. Depois disso, passageiros que fizessem conexão por Miami tiveram que retirar suas bagagens e despachá-las novamente para o voo de conexão, além de terem que passar por controles de segurança novamente.

Todo esse processo acabou acrescentando quatro horas adicionais ao tempo de viagem. E, como se não bastasse tudo isso, o programa de passageiros em trânsito, que permitia a mudança de aviões nos Estados Unidos para conexão em voos internacionais, foi suspenso. Isso significou que passageiros de alguns países precisaram obter um visto da embaixada dos EUA antes de poderem fazer conexão em Miami, o que acrescentou $100 ao valor da viagem para muitos passageiros da América Central.

Diante desse cenário, muitos passageiros começaram a evitar as conexões em Miami e optaram por voar diretamente da América Latina para a Espanha. Com a Iberia perdendo milhões de dólares com seu “mini-hub”, a companhia anunciou em julho de 2004 que estava encerrando suas operações em Miami e reduzindo seus dois voos diários entre Madrid e Miami para apenas um.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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