Insatisfeita com os atrasos da Boeing, a Emirates continua apostando no maior avião de passageiros do mundo, o Airbus A380.
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A empresa árabe é a maior operadora do A380 e foi a companhia que recebeu o último modelo produzido do maior gigante dos ares. Apesar disso, a empresa já nutria planos de remover da frota a aeronave gradativamente, ao longo dos próximos 10 a 15 anos, mas isso pode ter mudado por conta dos atrasos da Boeing.
As declarações que levaram a essa conclusão partiram do próprio Presidente da Emirates, Tim Clark, em entrevista ao portal Airline Ratings. Segundo o executivo, o primeiro A380 da companhia voou apenas por 13 anos antes de ser aposentado, um tempo curto, já que muitos aviões comerciais voam de 20 a 30 anos antes de serem desmanchados.
Tal destino pode ter mudado agora.
“Nós vemos alguns buracos surgindo nos nossos planos em 2024, 2025. Nós vamos tentar estender a vida de algumas aeronaves a partir de 2024. Esta extensão será para 120 aeronaves, sendo 80 delas do modelo A380 e em torno de 40 ou até 50 jatos Boeing 777-300ER”, afirmou Tim Clark.
Clark afirma que o gigante da Airbus, que pode levar até 615 passageiros na companhia árabe, pode voar até 19 mil ciclos*, mas que ele pretende aumentar este número em até 56%.
“Nós recebemos seis novos A380 no ano passado, e se você colocar que eles vão se aposentar neste mesmo prazo (de 13 anos, como no caso do primeiro A380), estamos falando de aviões voando até meados dos anos 2030”, disse.
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“Nós queremos persuadir a Airbus para estender a vida útil do A380 para 25 mil ciclos ou até 30 mil ciclos (o que daria 56% a mais que o atual)”, conclui Clark, que aposta que isto não será um problema junto aos reguladores e nem haverá obstáculos técnicos.
O aumento da vida útil da aeronave é comum num projeto moderno, já que muitas situações da vida real não conseguem ser previstas por completo e por precisão em laboratório e/ou computador, sendo que por segurança se preza por prazos menores.
Por outro lado, apesar de resolver um problema, que seria tapar o buraco do atraso dos Boeings 777X, também traz à tona o antigo problema do A380: o alto consumo. O gigante avião tem quatro motores que, com o passar dos anos, vão perdendo a eficiência e, assim como nas ruas, o preço do petróleo tem subido fortemente e pressionado os donos a optarem por modelos cada vez mais econômicos.
* Um ciclo é contado a cada novo processo de compressão e descompressão que um avião passa e é uma das principais maneiras de definir a vida útil de uma aeronave comercial. Um exemplo é que um voo de São Paulo para Dubai é um ciclo, já que o A380 decola, é pressurizado na subida, voa por horas, e depois é despressurizado para a descida. Aviões menores, que fazem rotas mais curtas, voam até a mesma quantidade de horas de um A380 por dia, mas fazem mais voos por dia, logo mais ciclos, e se “desgastam” mais rápido.