A Justiça dos EUA acaba de impedir que as empresas aéreas JetBlue e Spirit se unam, jogando um balde de água fria no mercado. O pedido havia sido movido pelo Departamento de Transportes dos EUA (DOT) meses após as empresas anunciarem a fusão em julho de 2022, numa das primeiras atitudes de regulação do setor aéreo no país.
Para a Casa Branca, caso a aquisição da ultra-low-cost Spirit Airlines pela empresa fundada pelo brasileiro David Neeleman ocorresse, haveria um aumento nas tarifas aéreas com fortalecimento do oligopólio.
Já a JetBlue sempre argumentou que iria fortalecer as rotas operadas pela Spirit e fazer frente às chamadas “4 Big”, que são as mais antigas e maiores aéreas em operação nos EUA: American, Delta, United e Southwest.
Pouco tempo após anunciar a fusão da Spirit, a JetBlue começou a desfazer a chamada Aliança do Nordeste, que era uma joint-venture de compartilhamento de voos com a American Airlines na região de Boston e Nova York.
Esta joint-venture mesmo sido aprovada anteriormente e já em vigor quando Biden tomou posse, também foi revogada pelo Departamento de Justiça à pedido do DOT, mas acabou tendo efeito nulo dado que ela foi desfeita pela American e JetBlue diante da fusão desta com a Spirit.
O negócio que formaria a 5ª maior companhia aérea dos EUA estava avaliado em $3,8 bilhões de dólares, mas agora foi derrubado pelo juiz federal William Glover Young.
Segundo o juiz afirmou no processo, “o plano da JetBlue iria eliminar a competição única que a Spirit fornece, já que é responsável por metade dos assentos das aéreas de ultrabaixo-custo no país, deixando dezenas de milhões de passageiros reféns de tarifas mais altas e menos opções de voo”.
O juiz se baseou no Clayton Act, uma lei antiruste de 1914 que regula o mercado nos EUA, e na sua decisão final, que você pode conferir aqui na íntegra, determinou que as duas empresas aéreas fiquem impedidas permanentemente de fazer uma fusão.
Como a JetBlue não terá mais este dispêndio, as ações da empresa tiveram alta de 5% nesta tarde, já a da Spirit foi no sentido contrário, com uma impressionante queda de 60% que depois ficou estabilizada em 50%.
A empresa está numa posição muito mais fragilizada economicamente que a JetBlue e a concorrente Frontier Airlines, que é a outra ultra-low-cost dos EUA e responsável pelos outros 50% de assentos deste segmento.
Porém, a Frontier não se beneficiou muito da notícia de hoje e também viu uma pequena queda de 4% nas ações, visto que o mercado entendeu que a empresa agora continuará com a forte concorrência da Spirit no mercado ultra-low-cost.
Não ironicamente a própria Frontier foi a primeira a apresentar uma proposta de compra da Spirit, mas que foi coberta por uma oferta melhor da JetBlue, que já planejava desfazer de fato do modelo low-cost após a fusão ser concretizada:
