Como mostrado previamente no AEROIN, a Força Aérea do Reino Unido (RAF – Royal Air Force) demitiu alguns membros da esquadrilha de demonstração Red Arrows (Flechas Vermelhas), após denúncias e uma consequente investigação a vários funcionários, que revelou “uma ampla gama de comportamentos inaceitáveis”, incluindo alegações de bullying, misoginia e assédio sexual, na equipe de exibição de acrobacias.
Agora, em continuidade aos desdobramentos do caso, com a publicação de relatórios sobre as investigações, o Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica do Reino Unido, Sir Rich Knighton, emitiu uma declaração sobre o comportamento da Equipe Acrobática da Força Aérea Real.
Confira a seguir, integralmente, a declaração:
“Publicamos hoje dois relatórios relacionados a alegações históricas de comportamento inaceitável dentro da Equipe Acrobática da Força Aérea Real (RAFAT) – os Red Arrows. Versões redigidas dos relatórios foram publicadas no site da RAF às 16h de hoje (links abaixo). Os relatórios foram redigidos porque foi garantida a confidencialidade das pessoas que falaram com os responsáveis pela investigação e para cumprir as nossas obrigações legais de proteção de dados pessoais.
Um inquérito foi encomendado em dezembro de 2021 a pedido do Marechal da Força Aérea Sir Mike Wigston, depois que três mulheres o abordaram diretamente com sérias alegações sobre a cultura e o comportamento dos Red Arrows. O inquérito, que considerou provas que remontam a 2017, foi concluído no verão passado, mas levou a uma investigação formal adicional sobre o comando, liderança e gestão do Esquadrão. Quero agradecer aos investigadores pela sua diligência e a todas as testemunhas que apoiaram as investigações.
Agora que ambas as investigações foram concluídas, as conclusões estão sendo divulgadas publicamente. Aceitei todas as recomendações de ambas as investigações.
Quero, em primeiro lugar, dizer que lamento e apresentar as minhas desculpas sem reservas a quaisquer indivíduos que tenham sido sujeitos a comportamentos inaceitáveis durante a sua associação com os Red Arrows, particularmente às três mulheres que sentiram que não tinham outra opção senão apresentar as suas queixas diretamente ao meu antecessor.
Os relatórios mostram que, durante o período investigado, comportamentos inaceitáveis foram generalizados e “normalizados” nos Red Arrows. Estes incluíram assédio sexual, bullying e uma cultura centrada no álcool. A situação foi agravada por uma “cultura de espectador”, o que significa que as pessoas não desafiaram o que estava acontecendo.
Os comportamentos descritos pelas testemunhas nos relatórios não têm lugar na Royal Air Force – ou em qualquer outro lugar. As conclusões das investigações são claras. Ações foram tomadas contra vários indivíduos, inclusive demissão do Serviço.
Fiquei chocado quando li as conclusões das investigações. O comportamento de uma minoria de indivíduos prejudicou a reputação do Esquadrão e da Royal Air Force. Tal como o meu antecessor, pretendo reconstruir a confiança do público numa das nossas unidades de maior perfil. Eu sei que a equipe atual está trabalhando duro para fazer exatamente isso.
A liderança, as tripulações aéreas e terrestres dos Red Arrows passaram por muitas mudanças desde o período coberto pelas investigações, sendo que poucos ainda serviam no Esquadrão desde então. Tenho confiança no comando e nas pessoas do atual Esquadrão.
De forma mais ampla, gostaria de deixar bem claro hoje que, quando apropriado, não hesitarei em usar as sanções mais severas ao meu alcance para lidar com aqueles cujo comportamento prejudica outras pessoas.
Qualquer pessoa que tenha experimentado ou testemunhado comportamentos inaceitáveis no local de trabalho pode comunicar as suas preocupações à sua cadeia de comando. Se, no entanto, preferirem permanecer anônimos, existem linhas de apoio confidenciais disponíveis para o pessoal de serviço e organizações que podem ajudar caso tenha sido vítima de intimidação ou assédio no local de trabalho.
Levaremos qualquer reclamação a sério e ela será investigada minuciosamente, de acordo com a política de “tolerância zero” do Ministério da Defesa.“
Além da declaração, a RAF ainda complementa a divulgação destacando que pode ser difícil saber como intervir e ajudar ou o que fazer ao testemunhar ou vivenciar um comportamento indesejado, prejudicial ou ilegal, que pode ser:
– Emocional, físico ou sexual;
– Palavras ou ações;
– Acontecer no trabalho, no refeitório, na acomodação ou em ambientes sociais;
– Pessoalmente, online ou através da tecnologia, de um colega, gestor, amigo ou grupo.
Assim, a RAF declara que, seja qual for a forma que assuma, não tem lugar no Ministério da Defesa. É preciso PARAR, DESAFIAR, EDUCAR e, se necessário, DENUNCIAR situações em que alguém esteja se comportando de maneira indesejada ou faça alguém se sentir desconfortável, humilhado, assustado ou angustiado.
“Cada vez que você age, você está fazendo a sua parte para mudar nossa força de trabalho para melhor”, conclui a RAF.
Os dois relatórios referidos na declaração acima podem ser acessados, em inglês, neste link e neste link.
