Filmagem com luzes fortes derreteu revestimento e fez avião decolar com três janelas faltando

A autoridade britânica de investigação de incidentes e acidentes na aviação (AAIB) divulgou o relatório de um caso reportado recentemente em que uma aeronave Airbus A321neo da Titan Airways decolou com três janelas faltando ou soltas. Os investigadores concluíram que a perda das janelas foi causada por luzes de alta potência, usadas em uma filmagem da aeronave.

Um boletim especial foi emitido pelo Departamento de Investigação de Acidentes Aéreos (AAIB) em 1 de novembro, com o objetivo de alertar sobre o possível problema, que só foi descoberto durante o voo da aeronave.

A notícia sobre as janelas danificadas veio à tona em outubro, quando o Bureau de Inquérito e Análise para Segurança da Aviação Civil (BEA) na França informou que a AAIB estava investigando um incidente em que três janelas estavam “ausentes e soltas” na aeronave, obrigando os pilotos a retornarem para um pouso de urgência.

Mais informações sobre o caso foram divulgadas agora pela AAIB. Segundo o boletim, o Airbus A321neo registrado como G-OATW estava em um “voo fretado com uma tripulação de três pilotos, um engenheiro, um mestre de carga e seis membros da equipe de cabine”. Além disso, havia nove passageiros a bordo, todos funcionários de uma operadora turística.

O avião decolou do Aeroporto de Londres-Stansted, no dia 4 de outubro às 11h50min, com destino ao Aeroporto Internacional de Orlando, na Flórida. De acordo com o relatório, assim que os sinais de cinto de segurança foram desligados, um tripulante notou um aumento no ruído da cabine ao se aproximar das saídas sobre as asas.

Sua atenção foi então direcionada a uma janela da cabine no lado esquerdo da aeronave, onde ele observou que a vedação estava balançando e o vidro parecia ter se deslocado, causando um som alto o suficiente para prejudicar sua audição. A equipe decidiu parar a subida e retornar ao Aeroporto de Stansted, onde pousou 36 minutos após a decolagem.

Ao ser inspecionado, foi constatado que duas janelas da cabine estavam ausentes e uma terceira estava deslocada. No entanto, a cabine permaneceu pressurizada durante todo o tempo, devido ao revestimento interno, que suportou a pressão, devido ao fato da aeronave também não ter subido ao nível de cruzeiro.

Segundo a AAIB, os danos provavelmente ocorreram em 3 de outubro, durante um exercício de filmagem com luzes de alta potência para criar a ilusão de um pôr do sol.

“As luzes foram direcionadas primeiro para o lado direito da aeronave por cinco horas e meia e depois para o lado esquerdo por cerca de quatro horas, iluminando as janelas da cabine logo atrás das saídas sobre as asas”, informou a AAIB.

Uma inspeção minuciosa revelou que o material do anel de espuma nos forros da cabine estava derretido em áreas próximas às janelas danificadas ou ausentes. No total, quatro janelas da aeronave foram afetadas. A AAIB concluiu que as janelas sofreram danos térmicos e distorções causadas pelas altas temperaturas durante o exercício de filmagem.

A investigação também revelou que as luzes estavam a menos de dez metros da aeronave, o que levanta preocupação sobre possíveis consequências mais graves caso a integridade das janelas seja comprometida em altitudes mais elevadas.

A AAIB continua a investigação com o suporte do BEA, do fabricante da aeronave e da companhia aérea, com o objetivo de compreender como um incidente semelhante pode ser evitado no futuro.

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Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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