Ararinhas-azuis são embarcadas em voo de Minas Gerais à Bahia para reintrodução na natureza

Aeronave partindo do Aeroporto de Confins – Imagem ilustrativa – Fonte: BH Airport

A Polícia Federal informou que realizou, na última quinta-feira, 18 de maio, em Minas Gerais, a escolta de oito raríssimos exemplares de ararinha-azul, para que elas fossem embarcadas rumo à Bahia.

As aves foram escoltadas a pedido do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade – ICMBio, desde o criatório em Desterro de Entre Rios (MG) até o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins.

Imagem: Polícia Federal
Imagem: Polícia Federal

No aeroporto, elas foram embarcadas em voo para a Bahia, onde serão reintroduzidas na natureza, dando prosseguimento ao processo de reintrodução, que foi iniciado no meio do ano passado com a soltura das oito primeiras aves. Trata-se de espécie considerada extinta na natureza, desde os anos 90.

Conforme apresentado pela Agência Brasil em junho do ano passado, a espécie, da mesma família das araras e papagaios, descoberta em 1819, sofreu um gradual processo de extinção na natureza, devido à destruição do ambiente e à captura para o comércio ilegal de animais silvestres.

Apenas dois traficantes foram responsáveis, nas décadas de 70 e 80, por tirar da natureza 23 ararinhas. Em 1986, a última população selvagem conhecida tinha apenas três aves. Em 1990, restava apenas um macho. Dez anos depois, não havia mais nenhum pássaro selvagem.

Esse processo, acompanhado pela imprensa, provocou comoção mundial e a ave acabou se tornando um dos símbolos da luta contra a destruição da fauna e a perda da biodiversidade, tendo sido, inclusive, retratada no longa de animação norte-americano Rio.

Desde então, iniciou-se um projeto de reintrodução da espécie na natureza. Por ironia do destino, não foi somente o tráfico que acabou com as aves. Um dos motivos que levaram ao seu desaparecimento das matas baianas foi também a busca pela sua salvação: a captura da ave para manutenção em cativeiro.

Uma população de algumas dezenas de aves continuou sendo mantida em cativeiro por criadouros no Brasil, Europa e Oriente Médio. Com isso, ainda na década de 90, o governo brasileiro começou um projeto de manejo para reprodução desses animais e a negociação do retorno de parte das aves que estavam no exterior.

Em 2018, foram demarcadas duas áreas para a reintrodução da espécie, a Área de Proteção Ambiental da Ararinha-Azul e o Refúgio da Vida Silvestre da Ararinha-Azul, juntas somando 120 mil hectares nos municípios de Juazeiro e Curaçá, na Bahia.

Em 2020, 52 ararinhas-azul foram trazidas de volta para o país, a partir de um acordo com o criadouro alemão ACTP, e instaladas em um viveiro no município de Curaçá, para sua ambientação, que envolveu: a redução de seu contato com humanos; o convívio com araras-maracanã (Primolius maracana), com quem dividia o habitat natural e que tem hábitos semelhantes aos seus; o treinamento do voo; o reconhecimento de predadores; e a oferta de alimentos que serão encontrados na natureza.

E em 2022, mais de 20 anos após ser declarada extinta na natureza, as ararinhas voltaram a voar pela caatinga brasileira, com a soltura das oito primeiras aves em junho, seguida de outras solturas gradativas meses depois.

Elas foram selecionadas entre aquelas que demonstraram maior adaptação para a vida na natureza, ou seja, aquelas que voam melhor, que estão se relacionando melhor com o grupo, que são mais sadias e que consigam identificar melhor os predadores.

Os animais são marcados com anilhas e recebem transmissores, que permitem seu rastreamento por alguns meses.

Hoje, há cerca de 200 ararinhas-azuis, somando-se essas em processo de readaptação para a soltura e as que são mantidas em cativeiro ao redor do mundo, número bem maior do que as poucas dezenas que haviam na década de 90.

Depois da chegada das 52 ararinha-azuis ao Brasil, três ararinhas nasceram, aumentando a população de Curaçá para 55 aves, segundo Barbosa. A ideia é manter parte delas em cativeiro, como se fosse uma reserva para garantir a sobrevivência da espécie, a soltura de novos indivíduos e a reposição das esperadas perdas no ambiente.

Com informações da Polícia Federal e da Agência Brasil

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

Veja outras histórias