Com a Argentina enfrentando seu pior surto de dengue em décadas, com 129 mortes e mais de 260 mil casos reportados, a Federação de Câmaras Agroaéreas (FeArCA) propôs o uso de aviões agrícolas para pulverizações aéreas, uma estratégia considerada eficaz na luta contra o Aedes aegypti, o mosquito transmissor do dengue.
Como informa o Aviacionline, esta iniciativa busca reproduzir os sucessos observados em outros países como Brasil (no passado) e Cuba.
A oferta da FeArCA inclui a disposição de sua frota para pulverizações com produtos aprovados pela Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (Anmat), garantindo uma implementação segura e eficaz, conforme relata o jornal La Capital de Rosario, cidade onde a FeArCA tem sua sede, detalhando que o último relatório epidemiológico confirma 261 mil casos e 129 óbitos em nível nacional, com a província de Santa Fé reportando 25 mil casos e uma dúzia de mortes.
A pergunta que a Fearca levanta é por que a Argentina ainda não considerou a fumigação aérea como estratégia contra o dengue, algo que tem sido eficaz em outras partes da região. Eles destacam a necessidade de um esforço conjunto para conter a propagação do vírus, recomendando um programa integrado que inclua controle de larvas, aplicação de inseticidas em adultos e o uso de máquinas de fumaça nas ruas.
Consultas com especialistas internacionais, como o consultor estadunidense Alan McCracken, que contribuiu para a aplicação no Brasil contra a encefalomielite equina nos anos 70, e o aerofumigador estadunidense Michael Parker, destacaram a vantagem de usar aviões devido à capacidade de cobrir grandes áreas rapidamente. Parker mencionou que em uma única tarde e noite, sua equipe cobriu mais de 10 mil hectares em três regiões diferentes, ressaltando a eficiência desse método.
Julio Kampf, presidente do Instituto Brasileiro de Aviação Agrícola (Ibravag), forneceu dados específicos de um estudo realizado no Brasil, onde após aplicações aéreas, conseguiu-se uma eliminação de mosquitos de 94% em áreas peri-domiciliares três horas após a aplicação, e 91% em áreas intra-domiciliares após 24 horas. O estudo também mostrou que a população do mosquito Aedes aegypti foi reduzida em 90,6% após três horas da aplicação, e que a aplicação de larvicida resultou em eliminação de 100%.
De forma semelhante, Cuba erradicou o dengue em 2002 após uma campanha de 75 dias que incluiu a fumigação aérea, evidenciando a eficácia dessa estratégia quando integrada a uma abordagem mais ampla e coordenada.
Os produtos mencionados para essas aplicações, como deltametrina, tetrametrina, permetrina e o inseticida e larvicida Bacillus thuringiensis, são seguros para uso, mesmo em áreas urbanas, destacando o compromisso da Fearca com uma solução de baixo impacto ambiental e alta eficácia.
Essa proposta destaca a urgência de adotar medidas inovadoras e eficazes diante da crescente ameaça do dengue, instando à ação coordenada entre as autoridades governamentais, especialistas em saúde pública e controle de pragas para enfrentar esse desafio de saúde pública de maneira eficaz.
No Brasil já foi utilizado na década de 70 na baixada santista aviões agrícolas para combater a dengue, mas atualmente este método de combate ao mosquito é proibido pelo Ministério da Saúde e ANAC.
