Avianca informa desistência da integração com a Viva e tece duras críticas à Aerocivil

Imagens: Clément Alloing / Edição: AEROIN

Como visto há pouco mais de duas semanas, a autoridade de aviação da Colômbia (Aerocivil) havia dado um prazo final de 20 dias corridos para que a Avianca se pronunciasse sobre a continuidade ou não do processo de integração com a Viva Air, companhia que suspendeu operações por falta de dinheiro.

Naquele dia, a decisão era que, caso a integração avançasse, a devolução de slots deveria ocorrer 48 horas após a confirmação e a Viva Air deveria ser mantida como marca independente por pelo menos um ano a partir da notificação de implementação. Além disso, seria necessário a partir de então o retorno das frequências na rota Bogotá-Buenos Aires, a serem distribuídas entre as demais operadoras, e os acordos interline deveiam ser reconfirmados.

Agora, passados pouco mais de 15 dias, a Avianca se pronunciou sobre a desistência do interesse na integração, afirmando que há deficiências técnicas nas condições da Aerocivil, que impedem a possibilidade de recuperação da Viva. O comunicado da companhia colombiana é disponibilizado a seguir, integralmente:

Avianca desiste da integração com a Viva

A Avianca acreditou, com firmeza, durante meses, que a integração era a melhor solução para responder à crise financeira da Viva e proteger consumidores, funcionários e conectividade aérea. No entanto, após estudar detalhadamente a resolução 873 de 2023 da Aerocivil e verificar que as condições impostas impossibilitam a recuperação da Viva e podem até afetar a estabilidade da Avianca, infelizmente a Companhia foi obrigada a desistir da integração.

As deficiências técnicas da Resolução 873 são inúmeras. Entre outras, destacam-se:

1- Pouca flexibilidade regulatória para oferecer certeza sobre as condições de reativação das operações da Viva;

2- Falta de adequação das condições à realidade atual da Viva e ao tempo decorrido entre o início do processo, em 8 de agosto de 2022, e a data de uma decisão final. As condições exigem que a Avianca assuma obrigações, rotas e compromissos com níveis de serviço e preços que não correspondam às capacidades restantes da Viva após dois meses de suspensão das operações;

3- Apesar da disposição da Avianca de devolver mais de 75% dos slots da Viva em El Dorado – e mais de 72% dos slots da Viva em slots “premium” – a autoridade exigiu a devolução de um número tão grande de slots que não permitiria que a Viva baseasse um único avião no principal aeroporto do país de forma eficiente. Isso tornaria a Viva economicamente inviável. Isso tornaria a Viva economicamente inviável e contradiz explicitamente outras condicionalidades que exigem que a Viva continue fornecendo conectividade nas rotas históricas, em que era a única operadora, e para proteger os passageiros afetados pela interrupção das operações da Viva, que segundo números oficiais ultrapassam 500.000.

Apesar desse resultado infeliz – em que outras companhias aéreas do mercado tiveram papel prejudicial, melhorando sua posição competitiva no mercado ao atrasar as decisões da autoridade – a intenção da Avianca é continuar sendo aliada dos colombianos, por isso buscará aumentar seu número de aeronaves para dar melhor conectividade às regiões, ao mesmo tempo em que implementa mecanismos para oferecer opções de trabalho aos funcionários da Viva.

Dada a sua intenção de fazer este importante investimento, a Avianca pede respeitosamente a aplicação do Regulamento Aeronáutico Colombiano (RAC) de forma clara e justa a todos os operadores igualmente.

Adrian Neuhauser, Presidente e CEO da Avianca, disse: “Infelizmente as condições desta resolução, que já é uma decisão final, impossibilitam o resgate da Viva, tornando-a não apenas inviável como companhia aérea, mas, se a integração ocorrer nas condições impostas pela Aerocivil, colocaria em risco a estabilidade da Avianca e a conectividade da Colômbia. Desde o início da aplicação da integração temos sido respeitosos com o processo. No entanto, é nossa responsabilidade proteger a Avianca e colocá-la a serviço do país como uma peça-chave de desenvolvimento, cuidando de nossos funcionários e nossos clientes e respondendo aos acionistas que acreditaram em nós investindo bilhões de dólares nos últimos anos.”

Durante a atual crise do setor, em que não só a Viva, mas também a Ultra deixaram de voar, a Avianca tem buscado constantemente propor soluções: não só é a única empresa que fez uma proposta concreta para salvar a Viva, como mobilizou mais de 160 mil pessoas gratuitamente (em comparação com as menos de 10 mil que resgataram todas as outras companhias aéreas do setor como um todo) e tem servido com voos adicionais destinos decisivos como San Andrés, Medellín, Riohacha ou Buenos Aires, entre muitos outros.

Nesse sentido, continua comprometida em ser uma peça-chave na conectividade e em evitar uma crise mais profunda, e continuará protegendo os usuários afetados da Viva e Ultra até 31 de maio.

“Infelizmente, esse longo processo coloca em risco iminente de desaparecimento a Viva, companhia aérea que trouxe o modelo de baixo custo para o país, levou milhões de colombianos a voar a preços competitivos e deu emprego direto e indireto a milhares de famílias. Agora, o desafio para o país será avançar nos planos para proteger o setor e evitar que a Colômbia continue perdendo competitividade, desviando o fluxo de passageiros para países como Panamá, Chile e Peru”, concluiu Neuhauser.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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