CEO da maior empresa aérea da América Latina reforça preocupação com disponibilidade de SAF na região

Com a crescente preocupação global com o meio ambiente e o impacto da aviação no clima, as companhias aéreas latino-americanas enfrentam um novo desafio: buscar combustíveis de aviação sustentáveis (SAF) em tempo suficiente para alcançar a neutralidade de carbono até 2050.

Durante a Assembleia Geral Anual da ALTA e no Fórum de Líderes de Companhias Aéreas em Cancún, no México, em 23 de outubro, o presidente-executivo do grupo LATAM Linhas Aéreas, Roberto Alvo, reforçou o que já tinha dito semanas atrás e alertou para a falta de SAF disponível na região, que tem sido totalmente direcionada para a Europa e os Estados Unidos.

Segundo Alvo, a questão não é mais se utilizarão SAF, mas sim como conseguirão o combustível. A única companhia aérea da América Latina que assumiu um compromisso firme com o SAF até 2030 é a LATAM, mas isso também depende da disponibilidade do combustível.

A produção de SAF em grande escala ainda está distante e os projetos para sua criação têm prazos de entrega longos, o que pode levar cerca de uma década para se tornarem realidade mesmo que iniciados hoje.

Não será segredo para ninguém que o caminho para a descarbonização na América Latina será diferente do restante do mundo, como afirmou o diretor da IATA, Willie Walsh. Embora a meta da indústria seja alcançar zero emissões líquidas até 2050, isso não será feito no mesmo ritmo em todas as regiões.

De acordo com Walsh, a América Latina deve traçar seu próprio caminho e prosseguir no seu próprio ritmo, contando com o apoio de governos e investidores para se tornar líder neste espaço.

No entanto, isso não significa que a América Latina não tenha um papel importante a cumprir nessa busca por combustíveis sustentáveis. Com um território extenso, que abrange quase 4.300 km de norte a sul, a aviação é essencial para a economia e a vida das pessoas na região, como destacou Alvo.

Por isso, as companhias aéreas não podem simplesmente aumentar os preços das passagens para compensar os gastos adicionais com aquisição de SAF, já que a demanda supera a oferta. Sendo assim, Alvo questiona como garantir que a população continue tendo acesso ao transporte aéreo sem que isso comprometa os planos de descarbonização da indústria.

Ele reitera a importância de levar a meta de neutralidade de carbono para 2050 a sério e que o mundo não vai esperar a América Latina se adaptar à sua própria velocidade. É preciso agir agora para alcançar esse objetivo.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

Veja outras histórias

Boeing 747 da UPS que sofreu pouso duro em Tóquio teve...

0
O Comitê de Segurança dos Transportes do Japão divulgou um relatório de progresso sobre a investigação do pouso duro do Boeing 747.