CEO da SAAB diz que Boeing venceu contrato da OTAN por “decisões políticas”

Divulgação – Boeing

O CEO da SAAB fez críticas diretas à OTAN e à Boeing logo após o seu país entrar na aliança e com um contrato em curso com a concorrente.

Micael Johansson foi vocal ao criticar a decisão da OTAN em escolher o Boeing E-7 Wedgetail ao invés do SAAB GlobalEye para ser a aeronave de radar aéreo substituta do E-3 Sentry. Esta escolha foi feita antes pelos EUA, mas também por outros membros do bloco e aliados como a Turquia, Reino Unido, Austrália e Coréia do Sul.

Baseado no 737-700ER, o E-7 é o substituto direto da Boeing para o Sentry, que por sua vez foi construído a partir do jato comercial 707.

Do outro lado, a SAAB fechou uma parceria com a canadense Bombardier para o GlobalEye, utilizando o seu radar Erieye que equipa por exemplo os R-99 da FAB (Embraer ERJ-145 adaptados). O radar é um pouco menor em tamanho, e por isso vai em aviões regionais como os Embraer, o turboélice SAAB 340 e agora no Global 6000 da Bombardier, um dos maiores jatos executivos do mercado.

Imagem: Saab

Eu não gostei desta licitação. Nós fomos solicitados para colocar a nossa oferta, mas a OTAN não entrou em discussão conosco, porquê eles rapidamente decidiram e foram comprar o Wedgetail, e eles tinham que fazer rápido já que se demorassem não conseguiriam ter o avião até 2032. Nós conseguiríamos entregar muitos mais aviões antes, então estou desapontado, mas são decisões políticas”, disse o CEO Micael Johansson, ao Breaking Defense.

Vale destacar que, de fato, a SAAB conseguiria entregar aviões antes, mas por motivos que são óbvios: a Bombardier tem menos encomendas de jatos Global que a Boeing tem ainda de 737 para entregar, além claro de todo os problemas que a fabricante americana está envolvida no setor da aviação comercial.

Na outra ponta o Global 6000 é um avião menor, com menos espaço para tripulação e equipamento, e enquanto a SAAB afirma que ele pode voar por até 11 horas, não revela seu alcance, que no concorrente é de 3.500 milhas náuticas (6.482 km), com um grande diferencial: Ele pode ser reabastecido em voo, dando um alcance “infinito”.

E-3 da USAF é rebastecido em voo| Foto – Metrea

Este fato de ser um avião maior e com capacidade de reabastecimento vai de encontro com as capacidades atuais do E-3 Sentry, que é um avião ainda maior que o 737.

O próprio GlobalEye tem apenas dois clientes: Os Emirados Árabes Unidos, que foram o cliente lançador mas apenas com 5 encomendas, e a Força Aérea da Suécia com 2 pedidos. Mesmo sendo de geração anterior, o Embraer R-99 teve muito mais pedidos e na Índia é equipado com sonda para reabastecimento em voo (fora do padrão da OTAN/USAF, que não utiliza o cesto e a lança).

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

Veja outras histórias

No dia que Lula criticou assédio da Boeing, fabricante abriu mais...

0
No mesmo dia em que Lula criticou o assédio da Boeing contra os engenheiros da Embraer, a fabricante americana abriu mais vagas no Brasil.