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Cerca de 165 Boeing 737 MAX estão afetados pelo problema de furo errado na fuselagem

Boeing 737 MAX 8 – Imagem: Boeing

Cerca de 165 das aeronaves Boeing 737 MAX 8 ainda não entregues estão sujeitas a inspeções detalhadas e reajustes para corrigir um problema recentemente identificado no bulkhead de pressão traseira. Essa peça, também conhecida como estrutura de pressurização traseira, é fundamental para manter a integridade da cabine durante o voo, garantindo a segurança dos passageiros e tripulação.

A revelação foi feita por Brian West, diretor financeiro da Boeing, na quinta-feira, 7 de setembro, que forneceu detalhes sobre a extensão do impacto do defeito nas aeronaves 737 MAX. No mesmo dia, o CEO da Spirit AeroSystems, principal fornecedora de fuselagens para os 737 MAX da Boeing – incluindo os bulkheads – trouxe à tona mais informações sobre o defeito.

Segundo West, durante uma conferência de investidores promovida pela empresa financeira Jefferies, aproximadamente 75% das 220 aeronaves em estoque no final do segundo trimestre serão afetadas, totalizando 165 aeronaves. Esse contratempo representa um retrocesso em relação à meta da Boeing de atingir um sistema de produção mais estável.

Conforme noticia o Flight Global, até então, a Boeing havia divulgado poucas informações sobre quantos 737 MAX eram afetados pelo problema no bulkhead de pressão traseira, inicialmente revelado em agosto. O dilema envolve “furos de fixação que não estavam de acordo com nossas especificações“, conforme relatou a Boeing. Vale ressaltar que apenas os modelos 737 MAX 8 – e não os MAX 9 – estão sendo impactados.

Ainda não está claro quantas aeronaves em operação podem estar sujeitas ao defeito e necessitar de reparos. A Boeing reforça que o problema não afeta a segurança dos voos. Durante a mesma conferência, o CEO da Spirit, Tom Gentile, explicou que o defeito no bulkhead de pressão resultou de um “processo de perfuração automatizado que, se não for executado de maneira impecável, pode resultar em um furo oblongo“.

A estrutura afetada possui cerca de 1.000 furos, dos quais aproximadamente 500 são feitos por meio do processo automatizado sendo, portanto, “potencialmente suspeitos“, afirmou Gentile. Até o momento, a Spirit tem 39 fuselagens aguardando inspeções e possíveis reparos.

A resolução desse problema exige a realização de inspeções por meio de raios-x para identificar os furos oblongos. “Se identificarmos um furo oblongo, nós o aumentamos, realizamos uma nova perfuração e inserimos um fixador de tamanho maior“, complementou Gentile.

Enquanto isso, a Boeing encara a tarefa de inspecionar e reparar aproximadamente 165 aeronaves que estão prontas, mas ainda não foram entregues. A empresa acumulou grande parte dessas aeronaves durante a suspensão das operações do 737 MAX. West classificou esse retrabalho como “mais complexo e extenso” do que o necessário para solucionar outro problema enfrentado pelos 737 MAX 8 no início deste ano, relacionado a grampos do estabilizador horizontal com defeito.

Devido ao problema no bulkhead, as entregas da Boeing já sofreram desaceleração. West informou que a empresa entregou apenas 22 Boeing 737 no mês passado, em comparação com 33 em julho. Os números de entregas de agosto ainda não foram divulgados.

Além disso, West antecipa que as entregas aquém do esperado provavelmente resultarão em prejuízo para a Boeing Commercial Airplanes no terceiro trimestre. A divisão registrou um prejuízo de US$ 998 milhões no primeiro semestre de 2023.

Ainda assim, West acredita que a Boeing conseguirá atingir sua meta de entregar de 400 a 450 Boeing 737 este ano. Entretanto, ele prevê que o número provavelmente ficará no “limiar inferior dessa faixa“.

No curto prazo, [o problema do bulkhead] afetará as entregas, mas não temos a intenção de alterar o cronograma principal“, afirmou West. A empresa mantém seu plano de aumentar a produção dos 737 MAX para uma taxa de 50 aeronaves por mês até 2025 ou 2026.

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