Chineses compram ‘aeroporto fantasma’ na Espanha pelo preço de um carro usado

O aeroporto que já foi um dos símbolos da economia pujante da Espanha, se tornou um elefante branco e agora poderá ter um novo futuro.

Divulgação – Aeropuerto Ciudad Real

Prometido como uma opção ao Aeroporto de Madrid – Barajas, o único com voos comerciais na capital espanhola, Ciudad Real nasceu em 2008. Com bastante espaço, longe da capital e com custo de operação mais barato, poderia ser o que Girona é para Barcelona.

Entretanto, a distância entre Madri e Ciudad Real é mais do que o dobro da capital catalã para o Aeroporto de Girona, preferido de companhias de baixo-custo e que fica a pouco mais de meia hora de transporte público do centro de Barcelona.

Além de não contar com transporte público eficiente, para chegar em Ciudad Real de carro são 2 horas e 20 minutos de estrada, sendo que o aeroporto em si é mais próximo de outras grandes cidades espanholas como Albacete e Córdoba, do que de Madri. Esta longa distância e os efeitos da crise, que se iniciou globalmente no ano de sua inauguração, fizeram com que voos comerciais terminassem em Ciudad Real em 2012, restando apenas operações esporádicas e aviação executiva.

O panorama só foi mudar em 2020, com a chegada da pandemia, Ciudad Real bateu recorde de operações, enquanto o Barajas se esvaziava. O motivo foi simples: com fronteiras fechadas e sem voos, as aeronaves precisavam ser estocadas em algum lugar e o clima seco de Ciudad Real favorece a conservação das aeronaves, além do aeroporto estar completamente disponível a preços baixos.

Como resultado, foram quase 100 aviões parados simultaneamente em Ciudad Real, que precisou expandir seu pátio para dar conta da demanda. Porém, com o fim da pandemia se aproximando, os aviões começaram a ir embora dali, na medida em que retornavam ao serviço.

De volta à realidade, o aeroporto passou a contabilizar prejuízos, até que decidiu-se por seu leilão e concessão, concluído na data de ontem. O certame foi arrematado por apenas 10 mil euros (R$ 51 mil), pouco menos que um carro Corsa 2019 usado.

O valor foi pago pelo consórcio chinês Tzaneen International, que promete transformar o aeroporto num hub para empresas chinesas, segundo aponta o jornal português Observador.

Atualmente, para Barajas voam apenas a Air China (que antes da pandemia fazia ali uma escala antes do voo seguir para São Paulo), a China Eastern e a Hainan Airlines, além da Cathay Pacific, de Hong Kong.

Todas essas empresas têm grande porte, e conectam seus passageiros em Barajas para outras capitais europeias e cidades espanholas, ficando difícil pensar que vão optar por Ciudad Real apenas por nacionalismo enquanto perdem as oportunidades de conexão. Os próximos meses dirão qual o futuro do “aeroporto fantasma” espanhol.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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A gravação permite mais uma interessante oportunidade de acompanhar as comunicações entre pilotos e controladores de tráfego aéreo durante