Comitê independente define cultura da Boeing como “desconexa e insegura”

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Um Comitê de Especialistas observou uma desconexão entre a alta administração da Boeing e outros membros da organização em relação à cultura de segurança. Este comitê independente foi formado pela FAA, a Administração Federal de Aviação dos EUA, após os primeiros acidentes com o Boeing 737 MAX 8, ainda em 2019.

Ele é composto por membros da própria FAA, da American Airlines, da fabricante de helicópteros Bell, e também pessoal do Departamento de Engenharia da USC, a mais prestigiada universidade particular no campo de exatas na Califórnia.

Nos últimos anos foram feitos vários acompanhamentos e também entrevistas com funcionários da Boeing, que foram questionados se os sistemas de relatórios de segurança da empresa funcionariam de forma a garantir comunicação aberta e não retaliação.

Os especialistas observaram a implementação inadequada e confusa dos cinco componentes de uma cultura de segurança positiva: Cultura de Relato, Cultura Justa, Cultura Flexível, Cultura de Aprendizagem e Cultura Informada.

Eles descobriram que os procedimentos de SGSO – Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional – da Boeing refletem os quadros do sistema definidos pela ICAO e pela FAA.

No entanto, os procedimentos de SGSO da Boeing não estão estruturados de forma a garantir que todos os funcionários entendam seu papel na empresa. Os procedimentos e treinamentos são complexos e estão constantemente em estado de mudança, criando confusão entre os funcionários, especialmente entre diferentes locais de trabalho e grupos de funcionários.

Foi também constatado uma falta de conscientização sobre métricas relacionadas à segurança em todos os níveis da organização: os funcionários tinham dificuldade em distinguir as diferenças entre vários métodos de medição, seu propósito e resultados.

O Painel de Especialistas também encontrou problemas adicionais na Boeing que afetam a segurança da aviação, incluindo consideração inadequada de fatores humanos compatível com sua importância para a segurança da aviação, e falta de contribuição de pilotos no projeto e operação de aeronaves.

Todos os detalhes das constatações dos especialistas foram divulgados hoje num relatório divulgado no site da FAA disponível aqui. Várias recomendações foram feitas por eles, principalmente sobre uma reestruturação do SGSO da Boeing, mas elas não tem a força da lei, não sendo obrigatório para a fabricante (apesar do seu interesse) seguir as recomendações.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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