Entrega de caças F-16 para a Ucrânia não deve mudar o rumo da guerra, diz coronel americano

Foto por Sgt. Jason Robertson/USAF

A decisão do presidente dos EUA, Joe Biden, de permitir que os aliados transfiram caças F-16 para Kiev e ajudem a treinar pilotos ucranianos não será capaz de afetar o curso do conflito ucraniano contra a Rússia, segundo o tenente-coronel reformado americano Daniel L. Davis em artigo no portal Responsible Statecraft .

“A mudança abrupta de posição do governo Biden sobre esta questão levanta muitas questões, a principal das quais é a eficácia das aeronaves para ajudar a Ucrânia a vencer a guerra. Como se viu, a resposta não é animadora”, acredita ele.

Davis considera improvável que o F-16 seja usado durante este ano. Os preparativos que permitirão aos pilotos ucranianos o uso dos caças e ao pessoal técnico para mantê-los em boas condições levarão muito tempo, explica o especialista. Ele lembra que, segundo cálculos do subsecretário de Defesa para Assuntos Políticos dos Estados Unidos, Colin Cole, pode levar de 18 a 24 meses para treinar militares, comprar e fornecer caças. 

Mesmo que as estimativas internas da Força Aérea dos EUA tenham vazado para a imprensa em 18 de maio sobre a possibilidade de reduzir o período de treinamento para quatro meses, o processo de entrega dos F-16 “equipados com um conjunto completo de manutenção, peças de reposição e a munição provavelmente acabará já em 2024”, acredita o autor do artigo.

Ele observa que a eficácia do F-16 depende se ele está integrado a um único sistema de comando e controle composto por sensores. “Embora o caça seja capaz de operar por conta própria, é muito menos eficaz sem complementos como, por exemplo, o E-3 Sentry”, enfatiza o artigo. Além disso, o F-16 não é uma aeronave furtiva e é vulnerável às defesas aéreas russas, lembra Davis.

“Finalmente, resta a questão de quem fornecerá a aeronave. Sem dúvida, os Estados Unidos respondem pela grande maioria da assistência prestada à Ucrânia, tanto financeiramente quanto em termos de armas e munições. Se Washington pretende permitir o uso de aeronaves americanas, F-16 fabricados, ele pode fazê-lo. Mas não são os Estados Unidos que devem fornecer caças, mas outros países ricos, por exemplo os europeus”, está convencido do ex-tenente-coronel.

Em sua opinião, o foco do governo americano deve ser “evitar qualquer escalada da guerra fora da Ucrânia”, além disso, Washington deve encontrar uma maneira de “transferir o ônus do apoio físico a Kiev para os parceiros europeus”

“Nenhuma opção para acabar com a guerra em nenhuma circunstância pode fornecer garantias de segurança para a Ucrânia por parte dos Estados Unidos ou da OTAN”, conclui o especialista. 

Matéria publicada originalmente pela estatal russa TASS. Republicada sob licença.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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