EUA não baniram voos da Rússia até agora e um dos motivos pode envolver a Boeing

An-124 da Volga Dnepr em Belo Horizonte

O recente banimento de voos oriundos da Rússia por quase toda a Europa e o Canadá, chamou a atenção por não incluir os EUA. O mapa abaixo, disponibilizado pelo FlightRadar24, mostra os países que proibiram o sobrevoo de voos de aeronaves russas até agora.

Os EUA têm apresentado uma retórica de apoio à Ucrânia em sua guerra contra a Rússia, não deu sinais, até o momento, de que irá banir os voos de companhias aéreas russas em seu espaço aéreo. A razão disso não está esclarecida ainda, mas, se houver o banimento, a Boeing será fortemente prejudicada.

Dependência Russa

Isso ocorre não apenas porque a fabricante conta com fornecedores do mundo todo, mas também porque depende diretamente da Rússia para o transporte de peças de suas aeronaves.

Foto: FlightRadar24

Enquanto alguns fornecedores têm suas peças enviadas à Boeing pelo avião especial do modelo 747-400LCF Dreamlifter, outros são atendidos pela Volga-Dnepr, principal empresa de carga aérea da Rússia, que opera para a fabricante de aeronaves sob contrato, dedicando alguns jatos dos modelos Antonov An-124 e Ilyushin IL-76. Tal serviço envolve, inclusive, uma “ponte aérea” doméstica entre as fábricas de Charleston e Seattle.

Segundo um documento do Departamento de Transporte dos EUA, o último pedido de operação da Volga-Dnepr nos EUA foi feito no dia da invasão russa, para o transporte de asas do Boeing 767 da Flórida para Seattle. Um exemplo desse serviço sendo prestado pode ser visto na foto abaixo, onde o gigante An-124 descarrega uma seção da fuselagem de uma aeronave.

2013_02_23 KPAE-11

Nesse último pedido de transporte, formalizado pela Volga-Dnerpr, a empresa ressalta que “a carga é fora do padrão e não pode ser acomodada em voos domésticos normais”. Essa justificativa tem uma razão, já que a Volga não pode operar domesticamente nos EUA, exceto em situações em que “só ela” pode prestar o serviço.

Grandes cargas

Por conta do tamanho das cargas da Boeing e da inabilidade de outras empresas americanas em fornecerem o serviço, ela tem conseguido a isenção do governo para manter o acordo com a empresa russa.

Cada “caixa” com componentes asa do 767 pesa 10 toneladas e tem 8 metros de comprimento, 5m de largura e 3m de altura. Uma das poucas aeronaves que podem levar essa carga é o An-124, principalmente pela sua porta de nariz e de cauda, que não restringe a entrada da carga. Veja os dois aviões juntos na foto abaixo.

Antonov 124 and 2 Boeing 747-400 Dreamlifter at PAE

E se os EUA quiserem banir a Rússia

Caso os EUA decidam seguir em frente e banir os voos de aéreas da Rússia, podem haver dois caminhos hipotéticos. Um deles seria contratar a concorrente da Volga-Dnepr, a ucraniana Antonov Airlines. O outro seria contar com a USAF e adaptar os aviões Boeing C-5 Galaxy na missão (já há alguns anos que a Força Aérea tem falado em prestar serviços para civis em cargas especiais, ajudando no seu orçamento).

No entanto, independente do caminho alternativo, ele demandaria muitos ajustes, custos e tempo, além de atrapalhar a produção da Boeing. Esse é apenas um dos impactos de um banimento de empresas russas no espaço aéreo americano.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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