Fabricantes de aviões interessados ​​na pele de tubarão desenvolvida pela Lufthansa

No primeiro semestre do ano passado, tornou-se conhecido do mercado um projeto desenvolvido pela Lufthansa Technik para envolver suas aeronaves com uma película inspirada na pele dos tubarões, denominada AeroSHARK, a fim de diminuir o arrasto da aeronave e tornar os voos mais econômicos.

Um ano depois, a Swiss International Air Lines, do mesmo grupo, anunciou que seria a primeira companhia aérea de passageiros do mundo a contar com tal produto, junto com a Lufthansa Cargo. Segundo o novo cronograma, em outubro ambas as empresas aéreas terão suas primeiras aeronaves do modelo Boeing 777 com a tecnologia.

Na medida em que o projeto se desenvolve, ele desperta interesse em outros atores do mercado. Segundo verificou o noticiário alemão aeroTELEGRAPH, dois desses interessados seriam Boeing e Airbus, embora eles também já tenham realizado estudos no mesmo caminho do que fez a Lufthansa e não esteja claro do por quê de não terem implementado até o momento.

Como funciona o AeroSHARK

Quanto menor for a resistência de atrito de uma aeronave no ar, menor será o consumo de combustível. Assim, usando a natureza como modelo, a indústria da aviação tem pesquisado intensamente maneiras de reduzir o arrasto aerodinâmico por muitos anos.

Com isso em mente, as empresas alemãs Lufthansa Technik e a indústria química BASF conseguiram fazer um grande avanço como parte de um projeto conjunto e criaram o AeroSHARK, um filme de superfície que imita a estrutura fina da pele de um tubarão, tornando cada aeronave mais econômica e reduzindo as emissões.

A estrutura da superfície composta por riblets medindo cerca de 50 micrômetros imita as propriedades da pele de tubarão e, portanto, otimiza a aerodinâmica em partes relacionadas ao fluxo da aeronave.

Para os cargueiros Boeing 777F da Lufthansa Cargo, a Lufthansa Technik estima uma redução do arrasto de mais de um por cento. Para toda a frota de dez aeronaves, isso se traduz em economia anual de cerca de 3.700 toneladas de querosene e pouco menos de 11.700 toneladas de emissões de CO2, o que equivale a 48 voos de carga individuais de Frankfurt a Xangai.

Um teste no Jumbo

Pela primeira vez no final de 2019, a Lufthansa Technik e a BASF equiparam quase toda a metade inferior da fuselagem de um Boeing 747-400 da Lufthansa com 500 metros quadrados de uma superfície de pele de tubarão desenvolvida em conjunto e tiveram essa modificação certificada pela EASA.

Essa aeronave Jumbo, registrada sob a matrícula D-ABTK, posteriormente validou o potencial de economia da tecnologia em serviços regulares de longo curso durante mais de 1.500 horas de voo. Isso forneceu uma prova de que as emissões foram reduzidas em cerca de 0,8% graças à modificação da pele de tubarão.

Estima-se que a economia com o Boeing 777F seja ainda maior, chegando a 1%, pois as áreas de aplicação são ainda maiores neste caso devido à ausência de fileiras de janelas em um cargueiro, entre outros motivos.

A economia é validada por meio de um software de análise de consumo de combustível desenvolvido pela Lufthansa Technik, que permite demonstrar a eficácia de uma ampla variedade de modificações em aeronaves com base em dados abrangentes.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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