Sessenta anos atrás, mais precisamente em 4 de janeiro de 1964, o Papa Paulo VI entrou para a história como o primeiro líder da Igreja Católica a empreender uma viagem utilizando um avião de carreira (linha aérea). Na ocasião, o Douglas DC-8 da Alitalia foi o jato escolhido para a jornada, adornado com as cores branco e amarelo do Vaticano e com o brasão papal.
O avião, novo na frota da Alitalia, havia completado um voo de teste de uma hora no dia anterior, com a presença do Diretor Geral de Aviação Civil da Itália, o General Felice Santini.
De maneira surpreendente e sem uma razão explícita, o Papa anunciou que realizaria uma breve peregrinação à Terra Santa. A proposta da viagem era visitar os lugares onde Jesus viveu e ensinou, além de encontrar-se com líderes ortodoxos. A viagem marcou a primeira vez que um líder da Igreja Católica deixou a Itália desde 1812, quando Napoleão exilou Pio VII em Fontainebleau, na França.
No período da viagem à Terra Santa, as tensões entre Israel e seus vizinhos eram elevadas, e o próprio Vaticano ainda não havia reconhecido o estado de Israel. Posteriormente, a visita do Papa foi vista pelos líderes israelenses como um reconhecimento de fato do direito de existência do país.
Ao pousar em Amman, na Jordânia, o Papa foi recebido por saudações do Rei Hussein bin Talal, que o presenteou com uma placa de madeira de oliveira do Jardim do Getsêmani. Após uma breve cerimônia, o comboio do Papa partiu para a viagem de 100 km até Jerusalém.
Ao chegar em Jerusalém, o Papa foi recebido por uma multidão. Ele seguiu para a Igreja do Santo Sepulcro para celebrar a missa e se encontrou com líderes ortodoxos armênios e gregos e com a comunidade de católicos orientais. Apesar do Papa não ter se encontrado com líderes religiosos judeus, a visita preparou o terreno para o reconhecimento oficial de Israel pelo Vaticano em 1993 e para a visita do Papa João Paulo II em 2000.
Ao retornar ao Vaticano, Paulo VI declarou que a viagem à Terra Santa foi curta, mas de grande importância.
