Investigadores encontram cinco casos de aviões com janelas danificadas e queimadas por luzes muito fortes

Investigadores que analisavam danos nas janelas de um Airbus A321neo da Titan Airways, causados por luzes de alta intensidade durante uma sessão de filmagem, encontraram quatro outras ocorrências sob circunstâncias semelhantes. Três delas envolveram Boeing 787, enquanto a quarta afetou um outro A321.

No caso mais recente e objeto da investigação da AAIB do Reino Unido, um A321neo da Titan Airways havia partido de Londres-Stansted para Orlando em 4 de outubro do ano passado, mas retornou a Stansted cerca de 36 minutos após a decolagem, após a tripulação descobrir danos nas janelas. No total, quatro janelas foram afetadas, sendo que duas estavam completamente ausentes.

Embora a Junta de Investigação de Acidentes Aéreos do Reino Unido (AAIB) já tivesse identificado que a exposição a iluminação de alta temperatura – no dia anterior ao incidente – foi a causa dos danos, foi revelado que outros aviões já haviam enfrentado um problema semelhante.

Quatro aeronaves tiveram suas janelas de acrílico danificadas durante atividades de filmagem, afirma o relatório, acrescentando: “Nesses quatro casos, os danos foram identificados e reparados antes de a aeronave voar”.

Seis janelas da cabine foram danificadas em um Boeing 787 que foi filmado dentro de um hangar e iluminado por três lâmpadas de 2.000W posicionadas em plataformas móveis. As janelas sofreram “deformação significativa”, informa a AAIB, sendo que uma delas ficou com um buraco através de suas camadas.

A Boeing relatou três ocorrências de danos térmicos em janelas de 787 em sua publicação de segurança, recomendando que as operadoras evitem luzes de alta intensidade durante filmagens – ou, pelo menos, as mantenham distantes da cabine e usem equipamentos que minimizem a emissão de infravermelho.

A investigação menciona outro incidente envolvendo um A321 após holofotes serem colocados logo acima dos motores – cerca de 1,5-1,8 metros das janelas – durante um exercício de filmagem ao ar livre.

“Quando os danos foram relatados à Airbus, ela não tinha conhecimento de outras ocorrências e considerou as circunstâncias fora das condições operacionais esperadas”, afirma o relatório.

Seis operadoras do Reino Unido responderam a uma consulta do AAIB sobre o gerenciamento de segurança para filmagens. “A maioria das operadoras enfatizou a importância da supervisão de engenharia para a atividade”, diz o relatório. “Uma operadora havia identificado o risco de calor de iluminação externa danificar uma fuselagem, mas nenhuma das operadoras havia identificado anteriormente o risco de calor danificar as janelas da aeronave, exceto por uma operadora que havia sofrido danos por essa causa”.

Nenhum dos 20 ocupantes da aeronave da Titan ficou ferido. A transportadora credita sua tripulação por lidar “rápida e profissionalmente” com o incidente, acrescentando que recebe bem a “investigação extremamente minuciosa e profissional” e as decisões da Airbus e da Agência de Segurança da Aviação da União Europeia de divulgar informações enfatizando o possível dano que pode resultar da iluminação de filmagem.

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Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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