Juiz discorda da Boeing sobre vítimas não terem sofrido antes da queda do 737 MAX da Ethiopian

Boeing 737 MAX-8 – Imagem: LLBG Spotter – Edição: Habitator terrae / CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

Como mostrado em março no AEROIN, documentos mostravam que os advogados da Boeing alegavam que, no caso da queda do Boeing 737 MAX da Ethiopian Airlines, a empresa não precisaria pagar compensação às famílias das vítimas por sofrimento dos passageiros, pois “a queda foi repentina e não houve tempo para que o cérebro das vítimas processasse os sinais de dor, angústia e sofrimento emitidos pelo sistema nervoso“.

Porém, um juiz federal em Chicago afirmou, nesta última terça-feira, 30 de maio de 2023, que as famílias do acidente de 2019 podem obter indenização pela dor e sofrimento das vítimas enquanto no avião antes da queda do 737 MAX-8, ocorrida minutos após a decolagem.

Segundo a Clifford Law Offices, escritório que representa as famílias, o juiz do Tribunal Distrital Federal Jorge Alonso, do Distrito Norte de Illinois, decidiu que “um júri poderia razoavelmente inferir das evidências que serão apresentadas no julgamento que os passageiros do voo ET 302 perceberam que iriam bater, horrivelmente, em sua morte certa”.

A Boeing admitiu a responsabilidade única e total pelo acidente que ocorreu cinco meses após o outro acidente do mesmo tipo de aeronave, na Indonésia, porém, em uma audiência de três horas na semana passada, os advogados da Boeing confirmaram o argumento de que todos morreram instantaneamente e, portanto, não tinham direito a tais danos.

Seis casos do acidente na Etiópia serão julgados pelo juiz Alonso no próximo dia 20 de junho. Cerca de 75 permanecem sem solução dos 157 que estavam a bordo.

Robert A. Clifford, fundador e sócio sênior da Clifford Law Offices e principal advogado no litígio consolidado perante o juiz Alonso, disse sobre a decisão: “Estamos satisfeitos com a decisão do tribunal. As vítimas da Boeing inegavelmente tiveram sofrimento emocional terrível, dor, impacto físico e ferimentos enquanto eles suportavam forças G extremas, se preparavam para o impacto, sabiam que o avião estava com defeito e, finalmente, despencou de nariz ao chão a quase 600 milhas por hora, deixando uma cratera de 30 pés de profundidade. Estamos preparados para apresentar essas evidências a um júri e garantir que a Boeing seja totalmente responsabilizada”.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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