LATAM se posiciona contra a compra da Air Europa pela Iberia

A fusão entre a Iberia e a Air Europa, parte do International Airlines Group (IAG), continua a enfrentar desafios, principalmente devido ao risco de monopólio que ambas as companhias aéreas representam nos mercados doméstico, regional e latino-americano a partir do Aeroporto de Madrid-Barajas.

Essa fusão está atualmente sob escrutínio não só em Bruxelas, mas também em vários países, sendo o Brasil um dos principais players. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Brasil está realizando uma análise abrangente da operação entre a Espanha e o país sul-americano.

Como informa o Aviacionline, o Grupo LATAM expressou sua posição ao Cade, alertando-o para o possível impacto da fusão em suas rotas aéreas com a Espanha. O grupo pediu para ser considerado como um terceiro interessado no processo, expressando preocupações sobre a concentração de mercado que resultaria da fusão, conforme relatado pela Bloomberg.

Os advogados da Latam argumentam que a fusão fará com que o tráfego aéreo de Madri fique concentrado nas mãos das duas companhias aéreas espanholas, chegando a 54% de todas as frequências no aeroporto. Isso poderia afetar negativamente as rotas operadas pela LATAM, especialmente a que liga o Aeroporto Internacional de São Paulo a Madri.

Em resposta, a Latam pediu ao Cade que condicione a autorização da fusão à “manutenção dos contratos” da Iberia e da Air Europa com suas concorrentes, em condições econômicas “equivalentes às mais favoráveis” praticadas pelas companhias aéreas espanholas.

A Iberia e a Air Europa pediram ao Cade que acelere o processo de aprovação, argumentando que a fusão não levanta “quaisquer preocupações concorrenciais” devido à sobreposição “limitada” das suas atividades.

O foco das disputas antitruste está em Madri, a base de ambas as companhias aéreas. Excluindo a Iberia e a Air Europa, dez companhias aéreas, incluindo três espanholas e sete latino-americanas, operam entre a América Latina e Madrid.

Em 2023, a Air Europa e a Iberia representaram 61% do tráfego de passageiros entre a Espanha e a América Latina, superando Avianca (9%), LATAM (7%) e AeroMexico (5%), de acordo com as estatísticas da AENA.

Dados da Cirium indicam que, em março de 2024, a Air Europa e a Iberia responderão por 67% das frequências para a América Latina a partir de Madri, deixando o restante para as outras dez companhias aéreas mencionadas.

Ao analisar mercados específicos, observa-se que a fusão poderia resultar em uma participação de 100% em El Salvador, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Porto Rico e Uruguai. Em mercados como Chile, Peru e Brasil, a LATAM enfrenta uma perda significativa de terreno devido à fusão.

Iberojet, Plus Ultra e World2Fly respondem por 8% do market share, com maior presença em destinos como Cancún, Costa Rica, Cuba, Honduras, Venezuela e República Dominicana, onde limitam o domínio da Air Europa e Iberia.

Em contraste, México e Colômbia são os únicos mercados onde a Iberia e a Air Europa não dominam conjuntamente, com a AeroMexico e a Avianca, respectivamente, sendo as empresas com a maior participação.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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