A Airbus e a Lufthansa Technik – divisão de serviços de manutenção, completação, reparo e revisão da empresa alemã – anunciam que estão se unindo para oferecer aos clientes uma solução reversível rápida e fácil de Carga-na-Cabine (Cargo-in-Cabin) para satisfazer a demanda urgente de adaptação de aviões de passageiros para transporte de carga.
A solução para a família Airbus A330 compreende o STC – Certificado Suplementar de Tipo (STC é a aprovação da autoridade de aviação para uma grande modificação no projeto de uma aeronave), bem como kits de materiais para modificar a aeronave de passageiros para transporte temporário de carga. A capacidade de carga é, assim, aumentada em até 15 toneladas de carga útil adicional, dependendo da configuração da aeronave.
A empresa aérea finlandesa Finnair já foi anunciada como a primeira companhia a modificar um Airbus A330-300 para transportar mercadorias comerciais não perigosas na cabine de passageiros.
Devido à lenta recuperação do tráfego aéreo, com poucos aviões voando a capacidade disponível em compartimentos de barrigas das aeronaves ainda é baixa, e não é provável que a demanda de passageiros retorne ao nível pré-Covid até 2024. Além disso, muitas das isenções concedidas pelas autoridades no início da pandemia para empresas utilizarem cabines de passageiros para transporte de suprimentos médicos expiraram.
Assim, junto com a Airbus, a Lufthansa Technik agora responde com a “Cabine Temporária de Carga”, ou “Cabine Transicional de Carga”, um STC que permite transformar rapidamente a cabine de passageiros em um compartimento de carga.
Finnair sai na frente
A Finnair é o cliente lançador da “Cabine de Carga Temporária”: recentemente, a companhia modificou um Airbus A330 em sua base em Helsinque e o processo de aprovação do STC está em andamento.
Segundo a Lufthansa Technik, a modalidade simples de adaptação pode ser realizada em qualquer provedor de serviços do regulamento Parte 145 (oficinas de manutenção) em todo o mundo.
“Com esta solução STC aprovada pela EASA, poderemos continuar nossas operações de carga bem-sucedidas. A solução é tecnicamente simples e não requer investimentos maciços como as conversões de carga tradicionais”, comenta Juha Ojala, vice-presidente de operações técnicas da Finnair.
Como é feita a adaptação
A incorporação da “Cabine Transicional de Carga” normalmente inclui a remoção de assentos e de algumas outras estruturas, dependendo do layout individual e das necessidades do cliente. Isso também compreende, por exemplo, que o chicote de cabos IFE (sistema de entretenimento de voo) de cada assento tenha que ser desinstalado e que as interfaces de abastecimento de água tenham que ser fechadas temporariamente.
Além das remoções, a solução prevê a instalação de paletes homologados TSO (Technical Standard Order) com suportes especiais nos trilhos dos assentos na região central da fuselagem da aeronave e a criação de posições adicionais nas áreas laterais, garantindo um ótimo aproveitamento da cabine do A330. A carga a granel será protegida com redes padrão aprovadas pela TSO.
Esta nova solução oferece uma capacidade de carga volumétrica de cerca de 78 m3 na cabine de um A330-200, com 12 posições de paletes PKC e 18 redes. Enquanto isso, a capacidade de carga principal na cabine A330-300 será de cerca de 86 m3, com 15 posições de paletes PKC e 19 redes.
Como parte do conjunto de materiais, a Lufthansa Technik fornece um kit de cabine e equipamento de combate a incêndio para estar de acordo com os requisitos de segurança de cabine da EASA.