A Presidente do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB), Jennifer Homendy, expressou sua preocupação sobre os desafios enfrentados para obter documentação crucial e testemunhos da Boeing. Essa situação complica significativamente a investigação em curso sobre a falha estrutural em voo do Boeing 737 MAX da Alaska Airlines no último dia 5 de janeiro.
O acidente (assim classificado pelo NTSB) envolveu um 737 MAX 9, onde uma peça de sua fuselagem se desprendeu em pleno voo. Este incidente crítico ocorreu pouco antes de uma revisão de manutenção focada especificamente no sistema de pressurização da aeronave.
Em sua correspondência, Homendy destacou a dificuldade do NTSB em obter registros relacionados com atividades de manutenção específicas no tampão da porta do avião, que foi reparado nas instalações da Boeing em Renton, em setembro de 2023.
Apesar de múltiplos pedidos dos investigadores do NTSB por documentos que mostrem quem realizou as tarefas de manutenção, a Boeing indicou que esses registros não podem ser encontrados, e as gravações de segurança relevantes foram sobrescritas. Segundo o Aviacionline, essa falta de documentação obstaculiza a investigação e levanta questões sobre o registro e a transparência da Boeing em relação aos procedimentos de manutenção e segurança.
“Até o momento, ainda não sabemos quem realizou o trabalho de abrir, reinstalar e fechar o tampão da porta na aeronave acidentada. A Boeing nos informou que são incapazes de encontrar os registros que documentam este trabalho“, disse Homendy na carta enviada ao Comitê do Senado dos EUA.
“Um pedido verbal foi feito por nossos investigadores por gravações de câmeras de segurança para ajudar a obter esta informação; no entanto, fomos informados de que a gravação foi sobrescrita. A ausência desses registros complicará a investigação do NTSB para frente“, acrescentou.
Informações vazadas e registros perdidos
Além disso, o pedido do NTSB pelos nomes do grupo de manutenção envolvido no trabalho realizado na porta levou a uma lista de possíveis indivíduos, mas não identificou conclusivamente quem realizou o trabalho. A conversa subsequente de Homendy com o CEO da Boeing, David Calhoun, revelou que a Boeing não mantém registros do trabalho realizado, complicando os esforços para entender os processos de garantia de qualidade e a cultura de segurança na Boeing.
Homendy enfatizou que o interesse do NTSB em identificar os indivíduos envolvidos não é por razões punitivas, mas para obter uma compreensão abrangente das operações da Boeing e garantir que um acidente como este não ocorra novamente. Ela também expressou sua preocupação de que focar nos nomes dos trabalhadores de linha de frente possa afetar negativamente a investigação e desencorajar os funcionários da Boeing a colaborar fornecendo informações.
Como resultado, o NTSB tomou medidas para proteger as identidades daqueles que fornecerem informações relevantes para a investigação.
Boeing deve cumprir os acordos de investigação, diz o NTSB
Para reforçar a importância da cooperação e garantir a integridade da investigação, o NTSB lembrou à Boeing suas obrigações sob o quadro regulatório da investigação. O lembrete enfatiza que a investigação deve falar com uma única voz, o do NTSB, para manter a credibilidade e evitar percepções públicas e congressionais errôneas.
“Antes da adoção do relatório final do NTSB sobre este acidente, apenas o pessoal apropriado do NTSB está autorizado a divulgar publicamente informações investigativas e, mesmo assim, a divulgação está limitada a informações factuais verificadas durante o curso da investigação“, disse Timothy LeBaron, Diretor do NTSB, a Elisabeth Martin, VP de Segurança Empresarial e Garantia de Missão da Boeing.
“A Boeing deve tomar todas as medidas razoáveis para garantir que as informações investigativas estejam protegidas contra divulgação pública. […] A falha em cumprir esses requisitos pode levar à remoção da Boeing como parte da investigação“, conclui LeBaron.
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